sexta-feira, outubro 04, 2013

JUBIABÁ

Episódio Nº 128


- Mas disse que esse Baldo é um bicho. Agripino viu o negro brigar na Baía com um alemão. Disse que é um touro.

Batem os pés na geral. Gente da geral é mal-educada – pensam os rapazes do comércio. Quem já viu espectáculo começar na hora? Gente da geral é mal-educada. Mas não é por má educação que eles estão batendo os pés.

Os moços do comércio não sabem. Eles batem os pés, gritam e reclamam porque assim se divertem mais. Circo sem piadas no galinheiro, sem gritos, nem reclamações não presta. Pois se aquilo é o melhor do circo. Ficar com a garganta rouca de tanto gritar, os pés doendo de tanto bater nas tábuas do galinheiro.

Uma negra reclama:

 - Vá beliscar as coxas da que te pariu…

Há um princípio de sururu do lado esquerdo. Bolinar mulher casada dá nisso. Um homem caiu do galinheiro. Mas levantou logo e voltou para o seu lugar debaixo de uma vaia tremenda.

Na arena aparece Luigi vestido com o fardão de Giusepe que encornou num porre mãe. O silêncio baixou sobre o circo.

 - Respeitável público! O Grande Circo Internacional agradece a vossa presença no seu espectáculo de estreia e espera que os seus grandes artistas mereçam os vossos gentis e benevolentes aplausos.

Luigi forçava o seu sotaque italiano. Assim impressionava melhor. Os mata-cahorros entraram, estenderam um tapete velho e furado que atravessava a arena de lado a lado e então houve a apresentação da companhia que foi um delírio.

Primeiro entrou Luigi que trazia pela mão o cavalo Furacão com uns arreios que brilhavam. Depois entrou Fifi, a trapezista, e os aplausos redobraram.

Vestia um saiote de pano verde e mostrava as coxas aos olhos ávidos dos negros, dos empregados do comércio e do juiz.

Cumprimentou suspendendo mais um palmo do saiote. Eles são capazes de rebentar as arquibancadas de tanto aplauso. O palhaço Bolão entra fazendo piruetas:

 - Boa noite para todos ocês, minha gente…

Gargalhadas. A bombacha é azul com estrelas amarelas e uma lua vermelha nas nádegas:

 - Estou vestido de céu e de todas as estrelas. Vestido que uma fada me deu.

É tão engraçado o palhaço! O Homem Cobra parece mesmo uma cobra naquela roupa pegada ao corpo, cheia de coisas que brilham. A roupa contorna o seu corpo e ele é assexuado, parece uma menina, parece um menino, e os homens dizem piadas. Mas pedem silêncio em altos brados.

O homem que come fogo tem cabelos ruivos. O grande equilibrista Robert encanta as mulheres com a sua casaca sovada. Pelo nome ele é francês e também pelo cabelo bem alisado em cima da cabeça, aberto no meio, um encanto.

Atira beijos com as mãos que são recolhidos nos seios da donzelas românticas. Uma solteirona velha, suspira. “Sujeito bonito”, murmura alguém na geral. Juju quase passa despercebida porque todos olham para o macaco, para o urso.

O leão está na jaula, ao fundo e urra lugubremente. Lúgubre e ferozmente.

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