Traidor
Desde que o cristianismo se tornou religião oficial no século IV
com a "conversão" do Imperador Romano Constantino, os hereges, que
discordavam da doutrina cristã oficial, que neste século começou a ser a
doutrina dos Papas de Roma - foram considerados traidores e inimigos do
Estado, criminosos "políticos".
No século XII, os cátaros ou albigenses questionaram o papado e
não acataram o seu poder. Ao Papa
chamaram-no de "o Anticristo" e à Igreja de Roma "a Prostituta
da Babilónia", evocando a imagem da "grande rameira” do Apocalipse.
Eles recusavam-se a usar armas e rejeitavam os altares, santos,
adorar imagens e relíqui as.
O Papa Lúcio III (1181-1185) determinou matá-los militarmente e
emitiu a bula "Ad Abolendam". A
Bula exigia que os bispos extirpassem a heresia e deu-lhes poder para julgarem
e condenarem os hereges na sua diocese.
Esta disposição é o germe da "Santa Inqui sição”. Nesta primeira fase, a Inqui sição dependia dos bispos. Em 1231, o Papa Gregório IX
estabeleceu que a Inqui sição,
reportava directamente ao Papa e era administrada pelos Dominicanos. Em 1252, o Papa Inocêncio IV autorizou
o uso de tortura para extrair confissões dos acusados.
A Inqui sição Medieval,
da qual derivam todas as outras, foi fundada em 1184, no sul da França. Em 1249
implantou-se no Reino de Aragão a 1ª Inqui sição
de Estado e já na Idade Moderna, com a união a Aragão e Castela transformou-se
na Inqui sição Espanhola debaixo do controle
directa da monarqui a Hispânica
estendendo-se depois à América.
A Inqui sição portuguesa
foi criada em 1536 e existiu até 1821. Por sua vez, a Inqui sição
Romana ou Congregação da Sacra, Romana e Universal Inqui sição
do Santo Ofício teve início em 1542 e só terminou em 1965 (!)
Os condenados eram muitas vezes responsabilizados, em função de
uma “crise de fé”, por pestes, terramotos, doenças e miséria, sendo entregues às
autoridades do Estado para serem punidos.
As penas variavam desde o confisco dos seus bens, perda de
liberdade até pena de morte, muitas vezes na fogueira.
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