sábado, novembro 16, 2013

PALEOLÍTICO

 À MESA

Um casal homossexual transformou um antigo bordel num restaurante. Até aqui, nada de especial. O que faz dele um negócio único no mundo é que ele só serve dieta ou cozinha do Paleolítico.

Chama-se Sauvage e nasceu há menos de um ano. No cardápio existem pratos estranhos. A confecção à maneira do paleolítico rejeita alimentos provenientes de grãos – aveia, cevada, trigo feijão, soja. Aqui não entra o pão – pelo menos como o conhecemos – ou outro género de hidratos de carbono. O açúcar também está vedado. Alternativas? São muitas. Quem pedir uma sobremesa no Sauvage, não vai para casa com a boca amarga: a flor de coco, o mel cru e o açúcar próprio das frutas são formas de adoçar a comida e os clientes mas protegendo-os de doenças como os diabetes.

A saúde e o bem-estar são os argumentos lapidares da dieta. “Há dois anos que seguimos este tipo de cozinha e cuidamos do nosso corpo, e não ficamos doentes” diz Rodrigo.

Mas, além dos cozinhados, Rodrigo e Boris destacam a forma como encaram o quotidiano. Cedo ou tarde, as pessoas que se identificam com esta dieta mudam muitas coisas no seu estilo de vida”. Põem uma cruz por cima dos antibióticos, dos produtos cosméticos ou farmacêuticos.

Assim, alegam, sentem o sistema imunológico fortalecer-se, porque só comem o que é adequado à capacidade digestiva do ser humano.

Alexandra Bento, nutricionista, diz que os benefícios desta dieta “podem estar unicamente, na inclusão de alguns alimentos e não na exclusão de outros” já que o sistema digestivo humano evoluiu desde o paleolítico.

Afirmar que o nosso corpo não digere todos os alimentos é errado.”

Rodrigo estabelece, por sinal, limites na fidelidade à idade paleolítica. A ideia não é copiar a maneira como as pessoas comiam naquela altura, mas sim cozinhar de uma forma que seja compatível com aquela que eles usavam.” Desengane-se quem pense que a comida é servida crua ou apenas grelhada no forno. Para a mesa vai uma espécie de pão de sementes, crackers e tortas feitas com farinha de nozes. Mas na confecção nunca são utilizadas temperaturas acima dos 120 graus.

“É um processo muito mais próximo da desidratação do que da cozedura” explica Rodrigo.

A resistência inicial dos mais cépticos, diz o brasileiro, passa por norma após a primeira garfada. “Aqui tudo parece que vem da casa da vovó”. “ Fazemos, por exemplo a nossa manteiga e o nosso queijo”. O espaço também ajuda, relaxado e com uma decoração minimalista, convida ao conforto simples.

Não há notícia de que alguém tenha saído com fome do Sauvage. Já um pouco mais selvagem, quem sabe?

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