Para Princípio de Conversa…
O princípio da evolução
postula que as espécies que habitaram e habitam o nosso planeta não foram
criadas independentemente, mas descendem umas das outras, ou seja, estão
ligadas por laços evolutivos. Esta transformação, denominada evolução das
espécies, foi apresentada e explicada satisfatoriamente por Charles Darwin, no
seu tratado A origem das espécies, em 1859.
A base da evolução
biológica é a existência da variedade, ou seja, as diferenças individuais entre
os organismos de uma mesma espécie. Na grande maioria das vezes, os indivíduos
produzem uma grande quantidade de descendentes, dos quais apenas uma parte
sobrevive até a fase adulta.
Assim, por exemplo, a cada ano, o salmão põe
milhares de ovos, uma ave produz vários filhotes,. No entanto, as populações
das espécies em um ecossistema em equi líbrio
não crescem indiscriminadamente. Isto significa que os indivíduos são seleccionados
na natureza, de acordo com suas características. Frequentemente menos de 10 %
da prole sobrevive.
Os indivíduos que apresentarem características vantajosas
para a sua sobrevivência, como por exemplo, maior capacidade de conseguir
alimento, maior eficiência reprodutiva, maior agilidade na fuga de predadores,
têm maior chance de sobreviver até a idade reprodutiva, na qual irá passar
estas características individuais vantajosas à prole. Isto ocorre porque todas
as características estão imprensas nos genes do indivíduo. Este é o Princípio da Selecção Natural de Darwin.
Vou socorrer-me do Livro de
David Sloan Wilson “A Evolução para Todos” pela mesma razão que ao longo
da “vida” deste Blog me socorri e continuarei a socorrer dos livros de Richard
Dawkins.
É que eles são reconhecidos
cientistas do comportamento humano na linha evolucionista que têm essa
extraordinária qualidade de nos fazer chegar conhecimentos de uma forma acessível
e ao mesmo tempo interessante. Aprender com eles é um prazer.
No Memórias Futuras,
regularmente conto-vos anedotas, enfim, umas terão mais graça do que outras,
algumas já as conhecerão mas a ideia é sempre a mesma: provocar-vos um sorriso
que seja porque não tenho veleidades da gargalhada.
Rir faz bem. A minha neta
Matilde com 10 meses feitos ontem, tem imensa propensão para rir. Não diz uma
palavra, nem mamã, mas ri sem qualquer artifício de cócegas. Ri pela simples
razão que me rio para ela e ela responde espontaneamente na mesma moeda.
Basta ver-me e ri-se logo
porque me deve identificar com “aquele que se ri” e o seu riso traduz-se numa
imagem de felicidade que por sua vez me contagia e dessa forma ambos ficamos
felizes. É assim há meses a esta parte, uma espécie de linguagem da boa
disposição.
Portanto, justifica-se que
eu comece o livro de David Sloan exactamente pela Primeira Gargalhada e
perceberão que esta “coisa” do riso “tem mais de que se lhe diga”.
Mas antes ainda, deixem-me
recordar uma célebre noite de anedotas, era eu soldado-cadete e estava no campo, numa espécie de manobras. No fim dessas manobras, na última noite, os oficiais
reuniram-se e caiu-se numa sessão de anedotas que terá ficado como a mais
divertida de toda a minha vida.
Um tenente miliciano médico
resolveu puxar do seu reportório e ele, que tinha uma fisionomia séria e
circunspecta que apontaria para tudo menos para o humor, demonstrou ser o melhor contador
de anedotas que eu jamais ouvi.
Fez-nos a todos chorar a rir
durante horas até uma fase em que o riso em nós já era pegado, menos a ele que
nunca riu… Ficou célebre a anedota da
vaca que a pedido da "audiência" teve de contar mais que uma vez e que eu nunca me atrevi a
repetir porque ele era inimitável e eu me sentiria ridículo a contá-la.
E é assim o riso. Fez a
minha felicidade de uma noite que nunca esqueci e passaram tantas outras depois
dessa...
Vamos a David Sloan:
“Superficialmente, o riso,
tal como o suicídio, a homossexualidade, a arte, parece difícil de explicar
numa perspectiva evolutiva.
Porque fazemos estas coisas
quando elas parecem supérfluas ou mesmo prejudiciais para a nossa sobrevivência
e reprodução?
Porém, o riso é tudo menos
supérfluo. Pensemos em alguns factos básicos que toda a gente sabe: toda a
gente é capaz de rir, excepto umas quantas que, tragicamente, sofrem de uma
deficiência mental grave.
Os bebés começam a rir entre
os dois e quatro meses, muito antes da aqui sição
da linguagem. Mesmo os bebés que sofrem de surdez e cegueira riem, pelo que
ouvir e ver o riso dos outros não é necessário.
Rir é, essencialmente um
fenómeno social; sabemos isso por experiência própria, mas os estudos mostram
que a probabilidade de rirmos na companhia dos outros é mais de trinta vezes
superior à de nos rirmos sozinhos.
(continua)
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