segunda-feira, novembro 25, 2013

Quando dançam sentem que são um só....
A Evolução

para Todos

(David Sloan Wilson)


As artes vitais






A Dança


Quando o famoso historiador William H. McNeil era jovem e trabalhava no seu doutoramento, em 1941, foi chamado para a tropa e enviado para o Texas para fazer a recruta.

O único equipamento para todo o batalhão era uma metralhadora anti-aérea que não funcionava, pelo que a maior parte do treino consistia em ver filmes e marchar de um lado para o outro num campo poeirento, sob um sol escaldante, ao ritmo de «um, dois, esquerdo, direito» (quando passei por elas, no meu tempo da tropa, chamava-lhe as marchas e contra marchas da porra).

McNeil não precisava da sua formação superior para perceber que a aquela marcha de “ordem unida” se tinha tornado completamente obsoleta no que dizia respeito a movimentos de tropas e tácticas de campo de batalha.

Porém, para sua surpresa, descobriu que gostava daquilo.

«As palavras são inadequadas para descrever as emoções suscitadas pelo movimento prolongado e em sintonia que o movimento implicava.

Uma profunda sensação de bem-estar é o que recordo; mais especificamente, uma estranha sensação de alargamento pessoal; uma espécie de inchar, de me tornar no mundo, graças à participação num ritual colectivo.»

A maioria de nós, hoje em dia, pensa que dançar é um ritual de acasalamento realizado por pares ou algo que pagamos para ver profissionais realizarem no palco, mas a maior parte da dança ao longo da história tem sido tem sido um assunto de grupo.

Desde o treino militar até às danças de êxtase religioso, às danças comunitárias de aldeia em ocasiões festivas e às danças tribais dos povos indígenas por todo o mundo, há grupos de pessoas que se reúnem para movimentarem os corpos em uníssono, por vezes durante tanto tempo que caem de exaustão ou entram num estado semelhante ao transe.

O efeito em todos os casos é criar uma sensação de unidade entre os membros do grupo que dançaram juntos. Em todas as ocasiões, as impressões de unidade e de concórdia eram intensamente sentidas por todos os dançarinos, e essa era a função primordial da dança.

Isto foi afirmado por um antropólogo europeu A.R. Radcliffe- Brown  mas podemos ouvir também o rei suazi Subhuza II que em 1940 explicava como os seus súbitos permaneciam unidos:

«Os guerreiros dançam e cantam no Incwala – uma festa anual - , por isso não combatem, embora sejam muitos e de todas as partes do país. Quando dançam sentem que são um e podem manifestar o seu apreço mútuo.»
(continua)

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