Se alguma dúvida existisse sobre o que foi, na verdade, a igreja católica de Roma, teria ficado desfeita com a sua actuação ao longo de três séculos em todo o mundo debaixo da sua influência,como instrumento de poder através da Inqui sição.
Não passou para a sociedade de fiéis, como teria sido da sua obrigação, a mensagem de amor, justiça, igualdade entre os homens e tolerância tal como foi o testemunho e o exemplo de vida do homem que a inspirou.
Ciosa dos seus interesses, das suas influências, do seu poder, da sua riqueza, recorreu a todas os processos, dos mais insidiosos aos mais cruéis, para se impor pela força, pelo medo, pelas ameaças, transformando a vida das pessoas, geração após geração, durante séculos, num mundo de sobressaltos, de receios, pesadelos, em estímulos à vassalagem, subserviência, delação entre vizinhos, traições e ódios.
Mergulhou a humanidade num quarto escuro – a Idade das Trevas – impondo dogmas, impedindo e condenando a difusão de qualquer conteúdo que os beliscasse numa atitude arrogante de “senhor absoluto”.
Como curiosidade desse passado de vergonha, que não é sentida pelo Papa Bento XVI, agora em retiro definitivo e que foi alcunhado pelo “Grande Inqui sidor”, ficámos a saber, pelos documentos legados pelos Tribunais do Santo Ofício, que o número de pessoas sacrificadas (as mulheres, as grandes vítimas) foi consideravelmente mais pequeno entre as comunidades da Península ibérica e Sul do Mediterrâneo, comparadas com as da Europa central. O céu azul, o clima benigno e o calor do sol, temperam os espíritos...
Depois de tudo o que foi a história desse período, um alto dignitário da Igreja ainda teve agora a coragem para elogiar a Inquisição porque, naqueles tempos, conceder às vítimas a oportunidade de se defenderem em Tribunal representava um grande avanço...
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