António Sérgio (1883-1969) |
em 1955 sob o título
O ESPÍRITO COOPERATIVO E A PRÁTICA DO RETORNO DIFERIDO
(Político, pensador, pedagogo e homem de cultura)
“ Não se deve entrar
para uma cooperativa unicamente porque se deseja ter os géneros mais baratos,
de boa qualidade, sem fraude, e com o peso bem medido, mas sobretudo porque se
tem espírito cooperativo, quer dizer, porque se vê no cooperativismo o
instrumento por excelência da reforma social, da instauração da justiça nas
relações económicas.
Ora o
verdadeiro espírito cooperativista leva à prática do retorno diferido, condição
essencial para o desenvolvimento do cooperativismo.
Para
realizarem completamente a sua missão reformadora, precisam as cooperativas de
ser poderosas; e, para serem poderosas, cumpre-lhes dispor de capitais
importantes.
Dispondo
de capitais importantes, poderão elas sustentar a sua federação, criar o seu
armazém grossista, fundar ou comprar oficinas industriais, adqui rir granjas, instituir o seu Banco cooperativo, o
seu corpo de fiscais, etc.
Ora as cooperativas poderão facilmente ter
grandes capitais ao seu dispor se recorrerem à prática do retorno diferido,
isto é, aquele cujo pagamento se transfere para um futuro longínquo. Em vez de
pagarem no fim do ano, aos sócios, a totalidade dos seus retornos, o retorno
fica exarado em sua conta, podendo a cooperativa empregar esses capitais no
desenvolvimento da obra do cooperativismo, até colocar na mão dos consumidores
o governo económico da Sociedade, da Nação.”
Cooperativismo:
o que há de movimento no seu presente?
- Que factos
externos e internos sustentam a designação "movimento" cooperativo,
que habitualmente se utiliza?
- Nos dias de hoje, o Cooperativismo reflecte
sinais de estagnação ou de mudança?
- Ao falar-se
em movimento social temos, desde logo, uma dimensão de identidade. O
Cooperativismo tem resolvida esta questão?
- Quem
representa e de quem é porta-voz?
- O cartão de identidade e as imagens de marca
do Cooperativismo são visíveis e conhecidas entre os não-cooperativistas?
- O
Cooperativismo proclama bem alto a sua filosofia, o seu ideário, e todo um
conjunto próprio de valores ainda não reconhecidos?
- A que
outras ideias, valores e interesses se opõe?
- Quem são os seus opositores?
- O “movimento” responde pronta e
concretamente aos que dizem que “deixou de ser apelativo”, “perdeu actualidade”
e não passa de “colectivismo mitigado" ou “comunismo encapotado”, o qual
“deveria seguir o mesmo caminho das pedras do Muro”?
Nota - Não me parece que o Cooperativismo, para além da dimensão local e estrita de pequenos produtores e consumidores, possa impor-se a nível mundial como solução alternativa ao capitalismo selvagem, desregulado e criminoso.
A economia de mercado, a livre iniciativa e uma actividade bancária que trabalhe directamente com a economia e não com "produtos financeiros especulativos" tem que continuar a ser a forma básica da actividade humana mas... com regras definidas e claras e instituições reguladoras poderosas, a nível global, que se sobreponham aos "paraísos fiscais", fuga de impostos e lavagem de dinheiro resultado do tráfico de armas, droga, prostituição, corrupção...
É preciso dar força às instituições que existem, é preciso dar força ao poder político em detrimento do financeiro... é preciso dar força à democracia e ao império da Lei.
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