Largo do Seminário, no centro de Santarém |
HOJE
É
DOMINGO
(Na minha cidade de Santarém 4 de Maio de 2014)
Os nacionalismos foram ao longo da história
o principal “cancro” da Europa. Claro que também se sofreu e morreu em guerras
civis, dentro dos próprios países, por desentendimentos internos.
Nós, por exemplo, tivemos aquelas lutas
entre D. Pedro e D. Miguel, liberais e absolutistas, aqui ,
na vizinha Espanha, entre facções da esquerda e da direita e assim um pouco por
todos os restantes países da Europa mas foram as guerras entre eles que mais sofrimento
e mortos provocaram.
Na breve resenha histórica que temos
vindo a fazer aqui , no Memórias
Futuras, sob o título “Uma lição de História”, falámos da Guerra dos Cem Anos,
que afinal foram 116, entre a Inglaterra e a França, a Guerra dos 30 Anos que
envolveram boa parte de todos os países da Europa, a 1ª G.G. Mundial e a 2ª G.
G. Mundial que terá constituído o clímax de mortes e destruição de toda a
humanidade.
Parecia evidente que importantes
recursos económicos que uns tinham e outros não, constituíam factor de cobiça a
despertar ambiciosos planos nacionalistas.
Esta razão, perfeitamente óbvia, levou à
constituição, logo em 1951, da Comunidade do Carvão e do Aço, primeiro passo
para evitar uma 3ª G.G. Mundial.
Robert Shumam e Jeamn Monnet foram os
seus inspiradores e a França, Itália, Alemanha, Bélgica, Países Baixos e
Luxemburgo os países fundadores.
Seguiu-se-lhe, como segundo passo, a
Comunidade Económica Europeia em 1958 e finalmente, em 1993, já com objectivos
políticos, para além dos económicos, a União Europeia, hoje com 28 Estados membros
e uma população de 500 milhões de habitantes.
Todos estes países que foram aceites a seu
pedido satisfazendo, principalmente, requi sitos
de liberdade e democracia interna, vivem em paz desde então com a convivência
entre os seus povos a estreitar-se cada vez mais dada a facilidade das
deslocações no espaço europeu.
A União da Europa, em construção desde
1951, foi antes de mais uma solução para a paz mas, neste momento, atravessa
dificuldades exactamente porque o seu espírito de união e solidariedade não está
a ser perfeitamente respeitado.
As componentes económicas e sociais
estão a ser subalternizadas às monetárias e orçamentais o que constitui um
aspecto negativo que deve ser corrigido mas que, entretanto, deu azo a que os
eurocépticos se aproveitem para dizer mal dela.
Parece fazer falta um despertar, um
toque de trompeta. Não esqueçamos que com a queda do comunismo foi a esses países de
Leste, que resultaram do desmembramento do Império Soviético , que a União Europeia se abriu e com eles se alargou conqui stando-os
para a democracia e liberdade.
Como teria sido sem a União Europeia?
Veja-se o desespero contido e camuflado do Sr. Putin que acredita que a sua
missão é fazer renascer o país dos escombros da desagregação da União
Soviética.
Para isso, apresenta-se como um líder
forte, determinado, de acordo com a tradição ultranacionalista, escorado nos
valores da Igreja Ortodoxa e na superioridade da cultura russa.
Ameaça e intimida os vizinhos, julga-se
um grande estratega para quem a NATO e a União Europeia são os inimigos. Todos os
políticos europeus que são contra a União Europeia, desde a Marine Le Pen, em
França, a outros dirigentes ultranacionalistas por essa Europa fora, têm o
apoio e o conforto do Sr. Putin...
No dia 9 de Maio festeja-se o Dia da
Europa. Por que não experimentar transformá-lo no Dia Sem Europa e renunciar às
vantagens da vida em comum? - Em todas as suas portas, de Varsóvia a
Lisboa, de Edimburgo a Palermo, deveria estar escrito: “Encerrado para obras”.
Bastaria um dia para se compreender que
não conseguimos passar sem a União Europeia, embora as dificuldades que
atravessamos com a actual crise mostrem também, que ela não é um “fato”
que se compra já feito, constrói-se todos os dias com coragem e paixão.
Confiar a herança de Adenauer, Shuman e
De Gasperi a um xenófobo como o holandês Guert Wilders do Partido para a Liberdade, da Holanda, seria um erro histórico.
O
Sr. Sílvio Berlusconi, por exemplo, qualificou o euro de “moeda estrangeira”
mas com ele, ao longo de 15 anos, o PIB aumentou em todos os países europeus menos na
Itália onde caiu 3%.
Seria por causa do euro ou daqueles que governaram o país?
Seria por causa do euro ou daqueles que governaram o país?
Só para lembrar, porque há sempre distraídos,
é graças à União Europeia que temos locais de trabalho mais agradáveis, um ar
menos poluído, alimentos sujeitos a controle, brinquedos mais seguros, viagens
mais simples, chamadas telefónicas mais baratas e alfândegas que desapareceram,
etc...
Não nos esqueçamos de tudo isto e muito
mais mas sem deixar, contudo, de chamar a atenção a Bruxelas de que não se pode
viver eternamente em austeridade.
A União Europeia é um compromisso político, voluntário, de Estados democratas que a troco de cedência de soberania na concertação de soluções comuns procuraram, finalmente, assegurar a paz entre si.
Hoje, passados 63 anos do estabelecimento da Comunidade do Carvão e do Aço, em 1951, a União Europeia é também uma questão de escala.
Num mundo globalizado, um mercado de 500 milhões de consumidores, representa uma vantagem competitiva. Por isso, o melhor, é irmos votar para Parlamento
Europeu.
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