DE HISTÓRIA
6. Viragem os Anos 70
(continuação – parte XX)
Os anos de chumbo na Europa
Na europa, "os anos de chumbo" referem-se, grosso modo, aos anos 1970, embora alguns actos de violência política tenham sido cometidos na década anterior e também na seguinte.
Trata-se de um período marcado por numerosas acções terroristas, tanto de esquerda como de direita - sobretudo na Itália, na Grécia e na Alemanha - que os historiadores contemporâneos ainda não esclareceram completamente.
Dentre os mais notórios grupos armados de esquerda, estão o alemão, Fracção do Exército Vermelho, 1970-1988, mais conhecido como Baader- Meinhof, o francês Acção Directa e as Brigadas Vermelhas Italianas.
Alguns faziam parte de uma estratégia
de apoio aos movimentos de descolonização, nomeadamente no Vietnam e outros de
natureza anarqui sta.
Os
grupos de extrema direita não tiveram a mesma exposição mediática, e
duvidava-se até mesmo da sua existência, até o início dos anos 1980, quando
passaram a ser referidos mesmo nos círculos oficiais, e, a partir de então,
frequentemente relacionados às células stay-behind
e especialmente à rede Gladio.Gladio. De entre esses grupos,
destacam-se o Ordine Nuovo e
a Avanguardia Nazionale.
Alemanha
Na
Alemanha Ocidental, a Fração do Exército Vermelho (Baader-Meinhof) participa de atentados, alguns
contra bases da OTAN,
cometidos à época da guerra do Vietnam. O grupo também sequestrou e
matou um membro do patronato alemão e antigo integrante da SS Hanns-Martin Schleyer.
A
RAF (Fração do
Exército Vermelho) foi a principal e mais estruturada organização de
extrema esquerda alemã, e desde meados dos anos 1970,
contava com apoios na Bélgica, notadamente da
parte de Pierre Carette - futuro dirigente das Células Comunistas Combatentes (Cellules
communistes combattantes, CCC), que nos anos de 1984 e 1985, perpetraram 28
atentados no território belga. Com a francesa Action
Directe, a RAF representará a corrente não marxista-leninista da guerrilha urbana, na Europa Ocidental.
França
A
Ação Direta (Action Directe, AD, 1979-1987) foi uma organização de luta
armada ativa na França, fundada por antigos militantes dos Gari, Grupos de ação
revolucionária internacionalistas (Groupes d'action révolutionnaire
internationalistes) e dos Napap — Núcleos armados pela autonomia popular (Noyaux
armés pour l'autonomie populaire). Anti-impérialista de tendência marxista
antileninista, a AD também beneficiará de algumas bases clandestinas na
Bélgica.
Grécia
Na
Grécia, o regime dos coronéis,
que se havia instalado desde o golpe de estado de 1967, enfrenta atentados de
alguns grupos armados, dentre os quais a Organização revolucionária 17 de
Novembro, que só foi foi extinta em 2003.
Itália
Segundo
o historiador Pierre Milza, depois de trinta anos, a interpretação do fenómeno
do terrorismo que transtornou a República Italiana entre 1969 e o fim dos anos
1980 continua sendo uma tarefa difícil, tantos são os actores e tantas são as
questões de política interna e internacional envolvidas.
Globalmente,
segundo o historiador, o fenómeno traduz um confronto entre as democracias liberais e
o "socialismo real".
A
Itália foi abalada durante duas décadas por ações terroristas reivindicadas por
grupos, incialmente de extrema direita e depois, de extrema esquerda.
As
Brigadas Vermelhas - BR (Brigate rosse, 1970), a mais conhecida das
organizações desse período, são simultaneamente um movimento político
implantado nas fábricas e uma organização de luta armada. Identificadas com a
corrente marxista-leninista pela fundação do Partido Comunista Combatente
(PCC), elas serão referência para o CCC na Bélgica.
Actualmente,
embora muito enfraquecidas, as BR ainda existem, sendo a mais antiga
organização de guerrilha da Itália.
Segundo Agamben, "a classe
política italiana, com raríssimas excepções, nunca admitiu francamente que
tenha havido na Itália algo como uma guerra civil e tampouco
concedeu à batalha desses anos de chumbo um carácter autenticamente político.
Os delitos
que foram cometidos durante essa época eram, por conseguinte, delitos de direito comum e continuam
sendo. Essa tese, com certeza discutível no plano histórico, poderia no entanto
passar por inteiramente legítima, se não fosse desmentida por uma contradição
evidente: para reprimir esses delitos de direito comum, essa mesma classe
política recorreu a uma série de leis de excepção que limitavam seriamente as
liberdades constitucionais e introduziram na ordem jurídica princípios que sempre
foram considerados alheios a essa ordem.
Quase todos
os que foram condenados, foram incomodados e perseguidos com base nessas leis
especiais. Porém, a coisa mais inacreditável é que essas mesmas leis ainda
estão em vigor e projectam uma sombra sinistra na vida das instituições
democráticas.
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