domingo, maio 11, 2014

Largo do Seminário no centro de Santarém
HOJE É

DOMINGO

(Na minha cidade de Santarém em 11 de Maio de 2014)











Os números, na sua concepção abstracta, fria, expressam apenas quantidades que se aplicam ao que nós quisermos que tanto podem ser batatas como euros.

Por exemplo, a partir de Janeiro de 2015, se lá chegarmos, diz o governo que os reformados da Função Pública vão ser ressarcidos de parte da contribuição extraordinária de solidariedade que a título provisório lhes tinha sido aplicada.

Por esta razão, os reformados com uma pensão bruta de 4.000 euros passarão a receber mais 260 euros mensais e aqueles outros reformados com uma pensão de 1.050 euros serão premiados com mais 15,75 euros.

Aqui está a fria linguagem dos números: 260 para 4.000; 15,75 para 1050. Ou seja, uma pensão 4 vezes superior será “premiada”, no verdadeiro sentido da palavra, por um acréscimo cerca de 16 vezes superior.

Quem decidiu este escalonamento? Não foi, com certeza nenhum dos reformados com pensões brutas de 4.000 euros mas foi de certeza alguém que lhes quis agradar.

Reparem, que nenhum dos reformados de 1.050 euros mensais esteve alguma vez em lugares de poder, de importância ou pertenceu a um escalão social que pressupõe despesas compatíveis com o seu nível.

Por outro lado, não nos esqueçamos, que existem reformados de pensões douradas que exercem, ainda hoje, funções de responsabilidade e que podem, caso pretendam, trocar os respectivos ordenados pelas pensões douradas que lhes foram atribuídas.

Vamos ainda admitir, que alguns desses reformados que exercem funções de responsabilidade e que trocaram os ordenados pelas pensões, por estas serem superiores, têm a possibilidade, por inerência do cargo que desempenham, de mandar “bitaites” contra ou a favor do governo, o tal que decide do escalonamento, então, não é lógico que se lhes pretenda agradar para os silenciar como forma de agradecimento?

E temos também, há que considerá-lo, a solidariedade corporativa entre ricos e pessoas bem sucedidas na vida, colegas de partido ou “irmãos” na Ordens, ao invés de entre os pobres, os anónimos, indiferentes, mal amados, que preocupados em sobreviver até ao fim do mês, nunca perderam tempo com questões corporativas... quando muito vão às manifestações da Intersindical contra o governo e encontram-se lá, ombro com ombro, gritando frases gastas...

O articulista do Diário de Notícias, Pedro Tadeu, vai mesmo ao ponto de referir pessoas concretas que estão nesses lugares importantes, como é o caso do Presidente da República, da Presidente da Assembleia da República ou de colegas do partido do governo que às vezes o criticam – “os da casa, às vezes, são os piores” -  como é o caso da Drª Manuela Ferreira Leite, no seu programa da TVI, ou do Dr. Bagão Félix que também fala na SIC Notícias.

Mas para além destes que falam na televisão, há ainda uns 10.000 com pensões douradas que é preciso acarinhar, enviar-lhes um sinal de que, mesmo no meio desta crise, eles não são esquecidos e que o seu apoio é sempre desejado e bem recebido.

É preciso não esquecer que quase todos eles, os do governo, são jovens, nunca tiveram experiências anteriores de poder e por isso se sentem frágeis a governarem num período de “vacas magras” e esses reformados das pensões douradas, os tais 10.000, entre os quais alguns venerandos Juízes do Tribunal Constitucional, que irão ser beneficiados com este critério de escalonamento, constituem como que uma almofada de cãs brancas que os apoiam e dão forças na retaguarda...

Estão ver a quantidade de coisas que se podem dizer e pensar à volta dos tais números, frios e abstractos que só serviam para quantificar batatas ou euros?...

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