o Mundial
de Futebol
Aí está! - Começa hoje, no Brasil, mais
um campeonato mundial daquele desporto que começa a ser praticado ainda antes
do nascimento dos meninos quando pontapeiam a barriga da progenitora num treino
sem bola e que os pais gostam de acompanhar colocando, babosos, a mão sobre o
ventre da esposa sonhando com outro Ronaldo ou Messi.
Não admira, pois, que se vejam crianças
aos pontapés a uma bola em tudo quanto é rua, largo ou descampado por esse
mundo fora.
Falo por mim. Nada me dava mais prazer
que dar pontapés a um bola no largo da Chã-da-Eira, na aldeia dos meus avós,
contra a parede da Igreja nas minhas férias grandes.
O meu pai, impressionado com tanta
aplicação costumava-me dizer em termos acusatórios: - “...até ficas cego quando vês
uma bola!”.
Provavelmente também devo ter dado
pontapés na barriga da minha mãe que me recebeu de braços abertos, como todas
as mães, para se livrarem da “pancadaria”.
Voltando ao Brasil, compreendo
perfeitamente a reacção desfavorável de grande parte do povo brasileiro aos
gastos do governo com os estádios de futebol face às carências em matéria de
Serviços de Saúde, Educação e Transportes.
Basta olhar para aqui lo
que se passou por cá quando organizámos o Campeonato Europeu de Futebol, em 2004
e se gastaram milhões em estádios que satisfizeram egos e vaidades de
governantes que se reviram nessas obras como se elas fossem o corolário de uma
carreira política de sucesso e hoje lá estão, alguns quase sem préstimo, a
sugarem o dinheiro dos contribuintes na sua manutenção.
É claro que o futebol não tem nada a ver
com isto mas o seu impacto é tão grande que perdura pela vida das pessoas e
transforma-se em paixão, delírio, doença, aqui lo
que começou por ser uma inofensiva e saudável correria atrás de uma bola...
Os Presidentes recebem votos se a equi pa do seu país ganha no confronto com os outros e
os jogadores campeões transformam-se em estrelas mediáticas seguidas
apaixonadamente pelos seus fãs por tudo quanto é mundo.
Eu acho, que com o ser humano que
conhecemos era muito difícil que não fosse assim... O que surpreende, para quem
como eu acompanho o futebol há mais de 50 anos, é aqui lo
que os “mídia”, jornais e televisão fizeram apossando-se dele como lobos
famintos transformando-o em carniça que regateiam e repartem entre eles.
Está à mostra, nem vale a pena
acrescentar mais. Eu, simplesmente, recuso-me a ver, reservo-me para os jogos e
as opiniões que se lhes seguem vivendo na intimidade as alegrias e tristezas que
eles me provocam.
E a propósito de equi pas
favoritas tenho para mim, sem arriscar grande coisa, que a Alemanha e a Espanha
na Europa, o Brasil e a Argentina na América do Sul, uma delas, vai com certeza
ganhar o Mundial.
Mas, atenção, não esqueçamos as bolas à
trave, os ricochetes, as tabelas, os ressaltos imprevistos, os falhanços clamorosos à
frente da baliza porque nada daqui lo
é científico, preciso, matemático, por muito que o queiram fazer os “donos” das
tácticas. Aqui lo é apenas um jogo...
de futebol.
Pessoalmente, como não tenho quaisquer
ilusões sobre Portugal, apenas uma boa equi pa
com jogadores, um deles craque, outros mais ou menos habilidosos, o que não chega para ganhar o Mundial, gostaria que o
Brasil fosse o campeão para baixar as tensões sociais na terra de Jorge Amado, o meu Ronaldo da
língua portuguesa.
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