Largo do Seminário - Santarém |
HOJE É
DOMINGO
(Na minha cidade de Santarém em 10/8/14)
Nada acontece de bom neste meu país, não de ontem ou do mês passado, mas de há anos a esta parte. São tantas as ocorrências negativas e de tal formas seguidas e graves que mais parecem fatalidades. Uns, por ventura de espírito mais fraco, são capazes até de começar a pensar em “coisas de mau-olhado”.
Tivemos alguma esperança quando o partido socialista
ganhou as eleições com maioria absoluta em 2005, vão lá quase 10 anos ao longo dos
quais, com excepção da anunciada repetição do terramoto de 1775 seguido de
tsunami que felizmente não aconteceu, tudo o resto de quanto era de mau desabou
sobre nós.
Uma longa lista que quase incluiu a banca rota do
país, salva por um empréstimo da troika mas que implicou a intervenção de uma
entidade externa durante 3 anos que nos impôs uma política de austeridade que
acarretou falência de empresas, desemprego, redução de salários e de pensões e a
saída de centenas de portuguesas para o estrangeiro, a maioria jovens, à
procura de trabalho.
Três bancos, BPN, BPP e BCP entrarm em falência por crimes
de fraude dos respectivos banqueiros e quando pensávamos que já tínhamos visto
tudo, a família Espírito Santo, pilar da sociedade portuguesa, do regime
democrático e dos partidos do arco da governação, PS, PSD e CDS, sustentáculo
financeiro de milhares de empresas, desmoronou-se como um castelo de cartas arrastando
o seu Banco e todo o restante império.
O país abriu os olhos de espanto, admirado, estupefacto,
incrédulo, perante o acontecido e a respectiva solução. De repente, de um
momento para o outro, um Banco transforma-se em dois, um Novo, que é Bom e um
Velho que de Mau que é nem sequer é Banco, não tem licença para tal... mas
ninguém vai preso, como de costume, uma irrisória caução de 3 milhões garante a
liberdade a quem é responsável de perdas de milhares de milhões.
O país foi sugado do dinheiro que era dos seus cidadãos,
do seu trabalho, das suas poupanças, que depositaram confiança num homem, num
Banco, confiança essa reafirmada até quase aos últimos momentos, pelo Presidente
da República, 1ºMinistro e Governador do Banco de Portugal.
O homem mentiu, vigarizou, roubou, espoliou-nos mas está de férias a descansar das tropelias que fez, na sua casa da Comporta, - pode ser que um dia ele nos conte tudo, embora não acredite - e
os portugueses encolhem os ombros, descrentes no país, nas instituições, na sua
sorte.
Com este desfecho ficou a descoberto, em toda a sua extensão,
as consequências do que foram a corrupção, relações de favor, as amizades interesseiras
entre políticos, financeiros e empresários de grandes empresas, que estiveram na
base do enriquecimento de uns e de preços acrescidos para a população no seu
dia-a-dia, no pagamento dos transportes, da energia, nas auto – estradas, nas
grandes obras públicas, telecomunicações, etc...
Não obstante, no meio desta generalizada
desgraça alguns portugueses, verdadeiros heróis nacionais, em determinados
sectores de actividade, conseguiram relançar as produções e desafiar
vitoriosamente a concorrência, ganhar mercados e aumentar exportações.
Esta é a sociedade portuguesa, igual a
si própria nas suas contradições, ao longo da sua história. No passado, havia de
um lado, heróis, santos, poetas, mercadores, traficantes, simples aventureiros,
gente de poder e padres que a todos abençoavam.
Do
outro, gente do campo, trabalhando de sol a sol com a enxada na mão e que ainda
ofereciam os seus filhos para as guerras e aventuras.
Hoje, depois de abandonado o campo,
segundo instruções da Comunidade Europeia - está agora a ser reocupado de forma
mais inteligente por uma juventude que parece tê-lo descoberto - temos uma
classe média, por estes dias em declínio na sequência da crise económica, e que
vive e envelhece, muitos sós e sem esperança, em prédios velhos nas cidades.
Por aqui lo
que aconteceu nestes últimos dias, percebemos que Portugal tem sido dominado
por pessoas que podemos considerar agora terem sido o “lixo tóxico” do país
porque nos exploraram, arruinaram e enchem agora às centenas Processos que se
arrastam em Tribunais, de recurso em recurso, muitos deles já prescritos ou
aguardando oportunidade.
Em princípios de 2015, oito anos depois,
Arlindo de Carvalho e Oliveira e Costa do BPN, - que foi um caso de polícia - vão começar a ser julgados...
Outros foram punidos com penas suspensas
do exercício da actividade por uns anitos, caso de Jardim Gonçalves, tal como
aconteceu ao jogador de futebol no mundial, Luís Suàrez, do Uruguai, que mordia nos
adversários e foi suspenso por 4 meses.
Quantos clientes do BCP não teriam
preferido levar umas dentadas do Jardim Gonçalves?...
Eu sugiro que um grupo de
portugueses, pessoas anónimas, honestas, esclarecidas e corajosas, que as há,
proponha superiormente à Comissão Europeia uma solução que seja uma cópia
adaptada da que foi aplicada ao BES.
Para um lado, o “Portugal Mau”, onde colocaríamos
as muitas dezenas e centenas de pessoas já conhecidas dos Tribunais
especializados em crimes de colarinho branco, pelos prejuízos provocados ao
país.
Os
restantes, que são a maioria, entrariam para o “Portugal Bom” com a incumbência
de fazer uma revisão profunda da legislação que seria expurgada de
expedientes legislativos que são o maná dos Grandes Gabinetes de Advogados e
que estão na origem do aparecimento das “pessoas tóxicas”.
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