sexta-feira, setembro 19, 2014

Ele e a Circunstância
Armando Vara  

e a

Circunstância








Armando Vara, completamente surpreendido pela decisão do Tribunal em condená-lo em 5 anos de prisão efectiva dizia à saída do Tribunal: - “A sentença não é sobre a acusação... Tem que ver com a minha circunstância.”

Completamente verdade, a sua circunstância, ou seja, o seu passado político condenou-o em Tribunal.  Ora reparem:

- Quando se deu o 25 de Abril de 1974 Vara era um modesto empregado da Agência da Caixa Geral de Depósitos de uma mais que pacata Vila de Trá-os-Montes e, se não tivesse acontecido a revolução ele estaria a gozar hoje a sua reforma de funcionário da Caixa não com uma pensão dourada mas razoável.

Viveria despreocupado, sem ralações nem canseiras e, de certeza, não estava condenado a 5 anos de prisão que não serão fáceis na idade dele e depois de habituado a uma vida de abastança, privilégios e de atenções a menos que ele consiga na prisão condições diferentes das dos restantes presos.

Mas Vara tem o que procurou ou consentiu que, nestas coisas, é quase igual. Ele terá realizado na vida o maior salto à vara já visto em Portugal. 

E como? – Meteu-se na política, da pura e dura, e saltou logo de um modesto empregado de balcão da Caixa para Director da mesma e de seguida para a sua Administração. Daqui para Vice – Presidente do BCP foi mais um saltinho... Um Triplo – Salto à Vara.

Saindo de um círculo de tostões entrou num universo de milhões empurrando todas as portas com o cajado de deputado e deslumbrou-se.

Trabalhador e engenhoso beneficiou da simpatia de Guterres mas um passo mal dado levou Sampaio a exigir a sua demissão de Ministro ao que ele reagiu muito agressivamente junto da corte do Presidente da República.

Começou, então, a tecer-se a teia do seu descrédito no interior do seu partido mesmo com um aliado como Jorge Coelho.

A amizade de Sócrates alcandorou-o e, tanto um como o outro foram para a Universidade Independente saindo, o Sócrates com o diploma de Eng. e o Vara, diplomado em Relações Internacionais. Por isso, Sócrates passou a tratava-lo por Dr. Vara.

Andou numa autêntica roda viva de apoio Socrático, com um fervor religioso só ao alcance dos verdadeiros fiéis que estão no meio de tudo quanto estivesse associado a esse desígnio.

Daqui até aos robalos que se transformaram em tubarões foi um passo...

Agora, no rescaldo do Primeiro Juízo, enquanto prepara o recurso, ele vai ter tempo para meditar sobre os trinta anos da sua actividade política e perceber quanto a ingratidão e a inveja humanas são profundas.

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