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Gerês
"A tarde estava como veludo e as fragas, amolecidas pela luz, pareciam de pão a arrefecer. Do alto, a paisagem à volta era de aconchego de berço. Muros sucessivos de cristas - centros concêntricos de esterilidade - envolviam e preservavam a solidão. Nas vezeiras, resignadas, as rezes esmoíam os tojos como quem ajeita um cílio ao corpo.
E mais uma vez me inundou a emoção de ter nascido nesta pequena pátria pedregosa que é Portugal. Há nessa condenação como que uma graça dos deuses. Também é preciso ser de eleição para merecer certas pobrezas."
Gerês, 6 de Agosto de 1952
Miguel Torga
Nota - Só um génio das letras apaixonado pela sua terra escreve assim.
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