Largo do Seminário em Santarém |
HOJE É
DOMINGO
(Na minha cidade de Santarém em 28/9/14)
O rei Herodes ofereceu a Salomé metade
do seu reino como prémio pela dança que tinha executado mas ela preferiu a
cabeça de João Baptista porque o perigo que o profeta representava para si era
superior às vantagens da metade do reino que ela, mais tarde, poderia ter na
totalidade.
Será que as cabeças que os assassinos
radicais islâmicos cortam às suas vítimas terão alguma coisa a ver com a de
João Batista ou com o ódio recalcado desenvolvido por um processo de paz sério
e global para toda a região que sempre foi recusado?
Lemos no especialista destes assuntos do
Médio Oriente, Miguel Monjardino, algo que nos parece intuitivamente
verdadeiro:
- “A ascensão destes revolucionários é um sinal do estado de
decadência a que a civilização árabe chegou.
Os últimos cem anos foram uma verdadeira
calamidade. Todos os sonhos políticos árabes falharam. Nestas sociedades
continuam a haver fanáticos a mais e cidadãos a menos.
O que não falta na Arábia Saudita são
líderes religiosos, milionários e pessoas humildes que concordam abertamente
com a ideologia extremista dos que se dizem Estado Islâmico que não representam
um Estado nem governam nada.
Eles têm objectivos claros: criar uma
teocracia nas províncias sunitas do Iraque e da Síria, transformar
profundamente a sociedade nestas províncias e eliminar de uma forma brutal e
implacável os seus inimigos internos e externos.
A violência faz parte do seu arsenal
político. As decapitações, os vídeos extremamente bem concebidos e produzidos e
toda a retórica mostram-nos um grupo muito competente na arte da guerra da
informação minando a coragem dos seus adversários e criando a ideia de que
existe mesmo um “Estado Islâmico”.
Contudo, o problema é que a vitória sobre
estes movimentos tende a exigir a sua completa destruição o que só é possível
com recurso a uma enorme violência em campanhas militares que podem durar
décadas e acarretar danos colaterais enormes na população.
Barack Obama já defendeu que quer mesmo
destruir a EIIL e está disposto para isso a usar o seu poder aeroespacial e
logístico, aumentar o seu apoio às forças armadas e milícias curdas do Iraque e
aos grupos sunitas anti-EIIL na Síria e impedir ataques terroristas contra os
E.U. e seus aliados.
No entanto, destruir estes grupos
revolucionários sunitas não é fácil por que eles radicam, como já explicámos
acima, na falência a que chegou a civilização árabe.
Por outro lado, a dificuldade de
Washington em harmonizar os interesses regionais para além das rivalidades
entre a Arábia Saudita e o Irão, mas também das grandes divergências entre Riad
e Ancara relativamente ao futuro das sociedades árabes.
Ou seja, a maioria das monarqui as sunitas e a própria Turqui a
estão menos preocupadas com o EIIL do que os E.U. e Barack Obama e os
americanos também não estão dispostos a aplicarem-se totalmente nesta guerra
com meios humanos.
O poder aeroespacial é importante mas
não consegue milagres estratégicos o que significa que não vamos vitórias ou
derrotas mas apenas contenção.”
E, claro, os tais danos colaterais daquelas martirizadas populações dentro das quais os terroristas se misturam e confundem.
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home