quarta-feira, outubro 22, 2014

Papa Francisco
O Sínodo dos Bispos











Como sabem, não sou católico, não sigo qualquer outra religião, tão pouco sou crente, embora tenha recebido uma educação religiosa, primeiro, herdada da minha mãe, depois ao longo de dois anos em que, ainda jovem, frequentei um colégio de Jesuítas em Lisboa.

Tenho, por essa razão, todos os sacramentos, incluindo o Crisma que me foi concedido pelo Arcebispo de Metilene mas nunca senti, embora tenha sido sempre uma criança obediente e disciplinada, qualquer fervor ou inclinação religiosa.

Rezava, tal como os padres me mandavam, confessei-me e comunguei porque as crianças têm que fazer o que lhes dizem para fazer mas sem nenhum desejo para além de cumprir uma ordem disciplinadamente.

Não posso afirmar que me tenha desligado da religião porque, em boa verdade nunca a ela estive ligado.

Tudo o que venha agora dizer relativamente ao Sínodo dos Bispos será meter a “foice em seara alheia” já que não se pode ou deve “estar de fora” e falar “do que está por dentro”.

Acesso aos sacramentos por casais irregulares, acolhimento a divorciados, uniões de facto, homossexuais, são problemas para a Igreja Católica criados pelos Bispos ao longo da sua história em 22 Concílios sucessivos desde o de Niceia em 325 depois de Cristo, para dar conteúdo às suas funções de pastores do rebanho do Profeta, Jesus da Nazaré, inspirador da sua religião.

Para mim, que não sou crente, os casais divorciados são uma realidade social como eu próprio, divorciado e filho de pais divorciados, todos casados pela Igreja.

Homossexuais, uniões de facto entre pessoas do mesmo sexo ou de sexo diferente, são outras realidades sociais que não de hoje mas que estão agora assumidas e reguladas pela lei.

Compreendo, pois, que o Papa Francisco, homem que sente o pulsar do mundo e da sociedade que o rodeia, se sinta incomodado por este desfasamento entre situações que a lei sanciona e a Igreja condena.

O Papa Francisco quis decidir sobre estes assuntos e chamou os Bispos para que o discutissem e o aconselhassem devendo agora, depois de concluído o Sínodo, ficarem todos em reflexão.

O interessante é verificar que alguns católicos mais conservadores receiam que a Igreja evolua no sentido de abertura para acolher no seu seio estas novas realidades sociais que, no seu entendimento, "desvirtuem a doutrina e atraiçoem o Mestre" e mais não dizem porque são ovelhas humildes e disciplinadas e aquilo que o Papa Francisco, vigário de Cristo, vier a dizer definirá em absoluto a doutrina da Igreja.

Como tal objectivo não é fácil porque o assunto é polémico entre “ovelhas” progressistas e “ovelhas” conservadoras foram chamados 191 Bispos, ajudados por 62 colaboradores.

Os resultados desta reunião foram divulgados publicamente e irão ser aplicados na vida das igrejas locais.

A mim, que estou de fora, e “quem está de fora não racha lenha”, apenas uma nota:

- O Papa não está cómodo com esta situação e por isso a nomeação do Sínodo. Na lógica do raciocínio, estivesse ele de acordo com a doutrina da Igreja relativamente a estas situações e não teria convocado Sínodo nenhum.

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