segunda-feira, dezembro 08, 2014

A moda do chapéu na cabeça.
No tempo em que os
homens usavam chapéu.











Nasci numa época em que os homens usavam todos chapéu na cabeça. Guardo ainda nas minhas lembranças da meninice a imagem do bengaleiro onde o meu pai pendurava o seu como primeiro gesto de quando entrava em casa com o Diário de Lisboa dobrado debaixo do braço.
Desse tempo, e do meu pai, recordo o chapéu, o bengaleiro e o seu silêncio. Vê-lo na rua de cabeça descoberta era tão impensável, como familiar se tornou aquele gesto tão característico de cumprimentar levando a mão ao chapéu, soergue-lo ligeiramente com uma pequena inclinação do tronco à direita ou à esquerda dependendo do local onde se encontrava a pessoa.
Havia pequenas nuances em cada cumprimento que eu percebia terem a ver com a importância de quem se cumprimentava e principalmente se era senhora ou cavalheiro. Aquela a merecer vénia maior.
Em qualquer um dos casos era bonito de ver porque parecia que estavam a representar e o palco do teatro era ali, no passeio da rua.
Eu nem imaginava o que seria o meu pai sair à rua com a cabeça descoberta sem o seu chapéu, por ventura, falta de respeito, de educação e de infracção grave à classe burguesa a que pertencia.
Os meninos, então, não tinham opinião, não faziam observações, apenas gozavam de autorização para brincarem uns com os outros nas brincadeiras que lhes eram próprias, uma espécie de "animaizinhos" amestrados.
Os mais velhos existiam para nos admoestar desde o simples abrir de olhos, numa linguagem estudada agora nos símios, até ao levantar da mão ameaçadora.
Há!, esqueci-me que comecei este texto por causa moda dos homens usarem chapéu na cabeça na década de 40, embora já viesse de trás, e lembrei-me deles pela nova moda das barbas que se está a generalizar especialmente nos escalões mais jovens mas não só.
Claro que já há estudos sobre a barba coisa que não houve a propósito da moda dos chapéus pelo que nunca, nessa altura, se chegou a saber porque é se usavam... apenas simples desconfianças ou palpites de que eram “coisas” que tinham a ver com a classe a que se pertencia porque os trabalhadores usavam boné, se eram da cidade, ou boina no campo.
Agora, não, até porque já não há classes. Apenas pobres, remediados, ricos, muito ricos e multimilionários, grupo que não existia nessa época e que pertence a um outro mundo.
Hoje, as pessoas estão arregimentadas apenas pelo dinheiro, essa história da classe já não interessa para nada. Somos todos da mesma classe, as diferenças estão nas contas bancárias e as barbas não se destinam a parecer mais rico ou menos rico.
São motivações mais profundas que têm a ver com a psique do indivíduo, desejos ocultos de maturidade e de masculinidade.
Vejam quão homem eu sou com esta minha barba!...
Pela minha parte, que não sou pessoa de modas, aguardo que os assassinos do dito Estado Islâmico se apresentem de face escanhoada. Nesse dia, juro, deixarei de fazer a barba para desgosto da minha neta mais pequenina que se diverte muito com essa parte da minha higiene.

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