A
“Bazuca” do Presidente do Banco Central Europeu, Mário Draghi, é uma metáfora.
Aproveitou-se o poder de explosão da granada da bazuca para a equi parar a todos os milhares de milhões de euros que
ele, tarde, mas esperemos que não a más horas, vai lançar sobre a Europa para a
tirar da estagnação económica em que se encontra.
Também
eu, uma vez, lancei uma bazuca e só espero que o Sr. Draghi seja tão bem
sucedido com a dele como eu fui com a minha.
Já
lá vão mais de 50 anos, 1963, e eu estava na guerra de Angola, precisamente na
última operação.
Tinha
caído numa emboscada com muitos soldados à minha volta. O outro Alferes que ia comigo já
tinha pifado do ponto de vista psicológico:
-
“Não quero saber disto para nada, comanda tu”.
A
situação não era brilhante, estávamos encurralados num vale de encostas altas e
íngremes e o inimigo, que tinha preparado a emboscada de noite, era invisível,
empoleirado nas árvores fazia fogo sobre nós que no meio de todo aquele verde
nem sabíamos de onde é que elas vinham.
Tá-tá-tá-tá, Tá-tá-tá-tá, Tá-tá-tá-tá e não passávamos daqui lo...
Então,
lembrei-me da bazuca e chamei o Capela que a trazia às costas e o camarada que
carregava com as respectivas granadas, e disse-lhe:
- Manda aí duas bazucadas.
O
Capela preparou a bazuca, o camarada meteu a granada e bateu-lhe no ombro em sinal de que estava pronta e lá foi a granada... mas mal, muito mal.
Acertou
numa árvore ao pé de nós e choveram bocadinhos de madeira por todo o lado.
-
Ó Capela, levanta o cano dessa merda!... e a 2ª granada voou, triunfante, por cima da copa
das árvores e foi rebentar batendo na encosta em frente de nós.
Estoiro enorme, repetido pelo efeito do eco ao longo do vale, foi como se
uma nova guerra tivesse começado. Pum...Pum...Pum... já não se ouvia o tá-tá-tá-tá.
Finalmente fez-se silêncio, a recessão económica, desculpem, os tiros
tinham acabado, aquela guerra chegara ao fim graças à bazuca, sem mortos nem feridos, como deviam ser as guerras... apenas um furriel do Quadro mais velho e pesado que nós tinha desmaiado, coisa de "fanico", sem importância.
Será
que o Sr. Mário Draghi vai ser tão bem sucedido com a bazuca dele?
Há
quem tenha fortes suspeitas... que os bancos vão ficar com o dinheiro... que só
emprestam às empresas que eles querem, que não precisam dele, e àquelas que
precisam não emprestam, enfim... alguma coisa ficará melhor que antes mais não seja a
desvalorização do euro para facilitar as nossas exportações.
Aquele euro que chegou a valer quase um dólar e meio só interessava à Alemanha... como tudo, de resto.
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