quarta-feira, janeiro 28, 2015

Cerimónia da tomada de posse.
O Gesto é tudo...















É um velho ditado português que eu recordo desde sempre. Não sei se será tudo mas alguma coisa é e Alexis Tsipras teve o cuidado e a coragem, como quiserem, em coerência consigo próprio, de adoptar gestos muito significativos, o primeiro dos quais, para mim, na fórmula de tomar posse:

- “Garanto em consciência que vou defender a Constituição e servir sempre os interesses do povo grego”.

Na qualidade de ateu, que teve a coragem de assumir numa sociedade generalizadamente cristã, não podia, evidentemente, jurar com a mão espalmada sobre a Bíblia que não faz qualquer sentido para ele para além do respeito que lhe merece em função dos seus compatriotas religiosos.

Depois, num segundo gesto, apresentou-se na cerimónia de tomada de posse, não em mangas de camisa mas de colarinho desabotoado e sem gravata, desta vez em sinal que não só não está comprometido com a sociedade dos engravatados que levou o seu país à situação em que se encontra como também não faz parte dela.

E continuou com mais outro sinal, fazendo tocar ao longo de todos os momentos importantes do comício na Praça Omonia, numa banda sonora seleccionada, temas como “Bella Ciao” que é uma música da Resistência italiana contra as tropas alemãs na II G.G. Mundial para lembrar que a Grécia não esquece.

Eu detesto o calculismo pérfido daquelas pessoas que incapazes de mudar, mesmo perante uma situação de desastre, logo entram em prognósticos fatalistas só porque fazem parte daquele grupo, cada vez mais pequeno, que ainda não perdeu nada e a quem a desgraça dos outros são ocorrências próprias da história presente do país.

Na Grécia, centenas de milhar de pessoas, incluindo velhos e crianças, neste momento, por falta de comida e medicamentos, e não me digam que é por sua má cabeça, estão a fazer um caminho apressado para a morte.

As primeiras medidas de Alexis Tsipras, como responsável eleito para a governação, foi pensar nesta multidão de compatriotas em situação desesperada como se tivessem a viver uma situação de fim de guerra devastadora apenas com a diferença de que as ruas não estão esburacadas das bombas e os prédios destruídos como Berlim no fim da guerra.

Quanto ao resto, uns e outros procuram sobreviver procurando qualquer coisa por entre os destroços de uma cidade em ruínas e outros de uma economia destruída.

É este o “conto de crianças” a que se refere o nosso 1º Ministro quando fala das promessas de Alexis Tsipras e são essas as palavras, “conto de crianças” que constitui o sinal, o gesto que diz tudo sobre ele.

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