quarta-feira, fevereiro 25, 2015

Os Bifes Mal Passados
                ou
Os Pôdres de Cada Um de Nós




















Diverti-me imenso com as apreciações ao povo inglês feitas pelo João Magueixo no seu livro Bifes Mal Passados.

Claro que o livro não caiu bem junto dos ingleses, nem os de lá nem os de cá, os que aqui vivem.

Ninguém gosta de se ver mal numa fotografia. Eu, por exemplo, tiro-as logo do Album e, pior ainda, quando o fotógrafo, desculpem, o escritor, João Magueixo, alentejano de raça, é um cientista e professor efectivo no Imperial Collegial em Londres.

Ele é um observador bem disposto que se diverte a olhar a sociedade inglesa, muito provavelmente, com o mesmo prazer como se fosse o Universo que ele estuda e ensina.

A pensar na sensibilidade dos ingleses onde vive e trabalha, o João não permitiu que os seus “Bifes Mal Passados” fossem exportados para Inglaterra mas uma editora, a Gradiva, percebendo que aquilo era um filão editorial, pensou no Guia do Xenófobo, no qual, para contrapor aos Bifes Mal Passados sobre os ingleses, aproveitou um livro do britânico Matthew Hancock que viveu por cá um ano a dar aulas de inglês e volta regularmente ao nosso país e que escreveu um livro do mesmo estilo sobre os portugueses.

Ele ficou muito ligado à tríada dos tempos de Salazar: Fado, Futebol e Fátima, o Portugal dos três efes que já está um pouco ultrapassado para os jovens mas não para mim que ando por cá há muitos anos.

Esteve também na Grécia mas gosta mais da nossa terra onde as praias selvagens fazem uma linda combinação com a gentileza das pessoas.

João Magueixo “descascou” nos ingleses porque gosta deles, vive lá, conhece-os bem mais ao seu sentido de humor e por isso atreveu-se a dizer umas verdades mesmo que algumas um pouco exageradas.

As praias em Inglaterra são lodosas, a comida oleosa, a cerveja quente e os cidadãos estão sempre bêbados, isto, entre outros mimos.

Matthew "acusa-nos" de sermos fechados, formais, com uma educação à moda antiga, tímidos, que passam as noites a ver telenovelas brasileiras por quem somos olhados como toscos, antiquados e um pouco fracos.

A religião é o nosso grande negócio e nas cabines dos motoristas de camião as fotografias das gajas em biquíni rivalizam com a imagem da Srª de Fátima.

Somos supersticiosos e sentimos uma grande curiosidade em saber o que é que as ciganas vêm nas linhas das palmas das nossas mãos para além dos raminhos de urzes e os cornos atrás da porta, tudo para dar sorte.

Vejam só o que não irá aparecer agora no Guia do Xenófobo quando chegarem os franceses, de seguida, e em Março os alemães e depois os gregos que dão cabo da cabeça da Srª Merkel.

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