Estávamos
a 87 minutos do fim do jogo, o meu Sporting dominava, as críticas iriam ser-lhe
favoráveis não obstante o empate de 0-0, o recorde de assistências do Estádio
tinha acabado de ser batido, havia paz no espírito dos Sportinguistas.
Mas,
surpreendentemente, um jogador do Benfica comete uma gafe, entrega a
bola ao avançado do meu Clube que corre e remata para defesa difícil do guarda
redes Artur e recarga vitoriosa de um defesa que vem de trás a acompanhar a
jogada e não perdoa.
Acabou-se
a tranqui lidade, as hostes
sportinguistas exultam, um adepto desequilibra-se e cai para dento do fosso, o meu Presidente, no banco, salta e abraça-se aos companheiros, os
poucos minutos que faltam para o jogo acabar parecem ser suficientemente
escassos para garantir a vitória final.
De
repente, olho para o canto superior esquerdo do ecrã da televisão e vejo 4
minutos de prolongamento, uma eternidade, o Sporting só aguentaria 3.
O
pressentimento que me assalta é profundo e definitivo. O 4º minuto iria ser
fatal.
Eu
não sei do que são feitos os pressentimentos mas em mim parecem-me ser uma estranha
e maldita capacidade de adivinhação tão forte que, ela própria, por si, é capaz
de forjar os acontecimentos.
Por
outras palavras, o golo do empate que o meu Sporting ontem sofreu injustamente,
como se nestas coisas dos futebóis houvesse justos e injustos, ao 94º minutos só
aconteceu porque eu o pressenti.
A
carga emocional gera energias, umas vezes positivas outras negativas, estas
mais poderosas porque o fatalismo se impõe ao triunfalismo da mesma forma que
as forças do mal são superiores às do bem.
Quando
vi os jogadores do Sporting atrapalharem-se atabalhoadamente em frente do Rui
Patrício e finalmente a bola entrar dentro da baliza, precisamente antes do
apito final, ao 94º minuto, foi qualquer coisa do “déjà vu” porque surpresa
mesmo tinha sido o golo do Sporting aos 87 minutos devido a um deslize de um
jogador do Benfica.
Às
vezes penso que uma equi pa de
futebol, destas de 1º plano, que envolvem em torno de si sentimentos de
centenas de milhar ou mesmo milhões de pessoas, com cargas emocionais incalculáveis, poderá ter uma vida própria como
aqueles bandos de estorninhos que evoluem nos céus ao sabor de caprichos invisíveis e que ontem terminaram por levar a bola, num movimento errático, para o interior
da baliza do meu Sporting.
Por
favor, não queiram explicar o desfecho daquele jogo de ontem com razões de
natureza futebolística... que o treinador do Sporting deveria ter usado a táctica
conhecida do autocarro...
Então
não viram que os jogadores da minha equi pa
eram tantos em frente da baliza que até se atrapalharam uns aos outros?... Não
viram?...
Autocarro?
Ontem, ao 94 minutos, só se fosse a Estação de Santa Apolónia com a praça de táxis
e tudo lá à frente...
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