Crimes de burla, infidelidade e favorecimento de credores |
Ricardo
Salgado
Salgado
Espírito
Santo
Santo
Continua a olhar-nos, sobranceiro, por de trás dos
óculos de ver ao pé na recordação dos tempos em que era o “dono disto tudo”, ao
centro de uma mesa em que ao seu lado, uns senhores inúteis sem voto na matéria
que faziam parte do seu Conselho de Administração por serem da família,
aguardavam o momento em que lhes caía nas contas bancárias os milhões que o
Chefe do Clã lhes destinava.
Uma auditoria credenciada chegou agora à
conclusão de que o “ex-dono disto tudo” desrespeitou por 21 vezes as
directrizes do Governador do Banco de Portugal para além de ter praticado uma gestão dolosa e ruinosa do seu império.
Incorre nos crimes de burla, infidelidade e
favorecimento de credores mas, Ricardo Salgado, que nunca desce do seu trono,
diz que não interfere nem condiciona quer o trabalho da Comissão de Inquérito
quer das investigações em curso e espera o dia em que lhe dêem o direito à
defesa e ao contraditório.
Entretanto, todos os dias, nos ecrãs das
televisões, vemos centenas de pessoas com cartazes a manifestarem-se nas
instalações do Novo Banco, junto dos mesmos funcionários que, tempos atrás,
lhes serviram “gato por lebre”, reclamando o dinheiro das suas poupanças.
Nos EUA, a Revista Vanity Fair dava a notícia
do Sr. Dennis Kozlowski que desviou milhões de fundos de uma empresa e foi
agora liberto depois de cumpridos seis anos e meio de prisão efectiva e ter
ficado com o seu património reduzido ao simples apartamento onde vive depois de ter levado uma vida de luxo.
O contraste entre o que o que se passou nos EUA
e em Portugal é por demais evidente e tanto pior para nós que, nos últimos anos
4 Bancos foram à falência arrastando com eles dinheiro dos clientes e dos
contribuintes no geral e não se dá conta de que alguém, até à data, tenha sido
preso.
Pela impunidade de que estes casos se revestem –
mesmo que amanhã venham a ser condenados há sempre que contar com recursos e
mais recursos das respectivas sentenças, de tal forma que, os senhores
envolvidos, pessoas já de certa idade, tem toda a probabilidade de virem a
morrer descansadinhos na cama das suas belas casas – ficamos com a sensação, estranha, de que estamos vulneráveis, nas mãos destas pessoas.
Os Bancos tornaram-se mais perigosos do que os
vulgares assaltantes de casas e de cofres. Estes, roubam casa a casa, ao longo
dos tempos, aqueles é numa penada, à rapidez de um click e lá vão as nossas
economias de uma vida.
Que tempos estes!...
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