Dia da Independência a 25 de Março |
E agora, Grécia?
Dois meses depois de ter sido eleito, Tsipras continua em alta no apoio dos seus eleitores, 41,9% sendo certo, no entanto, que ainda não
apresentou a lista de medidas para o seu governo. Parece ser hoje a data limite para apresentar em Bruxelas a essa lista.
A Grécia, tal como Portugal, não tem vida própria, depende de
credores e de taxas de juro e mesmo quando as importações são equi libradas pelas exportações, que parece até ser o
caso da Grécia, ficam para pagar os juros da dívida e eventuais reembolsos que
tenham sido assumidos.
A Grécia tem um problema de credibilidade que lhe dificulta as
suas relações com os credores, tal como Portugal na parte final do Governo de Sócrates
quando já não conseguia obter crédito e deixou esvaziar o Estado de dinheiro,
imediatamente antes de, aflito, chamar a Troyka para o Acordo em que se fixou,
preto no branco, a lista dos sacrifícios, sinónimo dos cortes a começar em salários
e pensões.
Agora, Portugal, alardeia dinheiro. A sua Ministra das Finanças,
tal como o Tio Patinhas, diz que tem os cofres cheios, qualquer coisa como 24.000
milhões conseguido de empréstimos a juros baixos que é o que corre agora... (grande avaria!)
Mas voltando aos gregos e ao Cirysa há aqui
uma dúvida que eu gostaria de esclarecer:
- O que espera o cidadão
grego do Cirysa e da Europa?
- Será que eles acreditam
mesmo naquela história do fim da austeridade?
Dois meses depois da eleição a confiança mantém-se e eu compreendo
por quê mesmo que no fim o resultado continue a ser a austeridade.
O Cirysa conseguiu reabilitar a confiança e o orgulho de ser
grego.
No passado dia 25 de Março, celebração do Dia da Independência,
essa diferença revelou-se. Nos anos anteriores o que se ouvia eram palavras de
ordem contra os políticos que estavam separados do povo por barreiras.
Este ano não houve barreiras nem palanques para as entidades
oficiais. Os soldados distribuíram bandeirinhas e os grupos folclóricos
dançaram ao som das músicas tradicionais.
Sente-se o renascer da esperança no estado de espírito dos gregos,
não por acreditarem em perspectivas de um futuro muito melhor mas porque os
seus representantes políticos se fizeram respeitar nas relações com os
poderosos da Europa.
Não se entregaram em silêncio, de cabeça baixa, corda ao pescoço.
Em vez disso, disseram ao que iam, o que queriam e o seu Ministro das Finanças
exibiu até belas camisas de azul eléctrico e espalhou charme no mundo feminino alemão
que o invejou pela sua imagem sedutora e machista.
Quando estão confrontados com dificuldades insuperáveis por
erros cometidos no passado pelos quais não se sentem directamente responsáveis
o que lhes resta é o brio, o orgulho de um povo de uma cultura milenar à qual todos fomos beber os princípios da vida democrática em que vivemos.
Basta que Tsipras consiga salvar a atribuição dos cheques
alimentares a quem não tem nada que comer e restituir a electricidade nas casas
em que ela foi cortada por falta de pagamento, bastam estas duas medidas e está
dado o sinal de apreço e preocupação com os mais pobres e os mais fracos.
Nas negociações, Tsipras, resiste, adia, enrola a conversa, impõe um
clima de diálogo e de cooperação, não rasteja, assume, ele mesmo, as decisões
quanto aos sacrifícios a fazer, recusa a humilhação, pede respeito.
É tudo quanto o povo grego pode esperar dos seus representantes se não quiser regressar ao dracma e, por isso, continuam a apoiá-los em vez de os apupar como faziam antes.
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