Largo do Seminário |
em 1573/15)
O mar, grande e profundo mete-me medo, no entanto, muitos milhões
de anos atrás foi de lá que antepassados nossos saíram e ensaiaram os primeiros
passos em terra.
É verdade, que também muitos milhões de anos depois, muitos desses
antepassados regressaram a ele e hoje passeiam-se, imperiais, de norte para
sul, de leste para oeste, majestosos, nos seus enormes corpos, os maiores que
alguma vez houve e, se nada de especial acontecer, irão continuar a crescer de
tamanho.
São decisões da natureza que não estavam previstas, como nada
estava previsto, apenas esta força misteriosa que impulsiona a vida seja onde
for e como for.
A humanidade surpreendeu o espectador curioso do evoluir da vida
no nosso planeta. Um salto formidável na luta pela sobrevivência que já não
passava por ser grande ou pequeno, maior ou menor, correr mais ou menos, ter ou
não garras mais compridas e poderosas... nada disso, aquele primata frágil e
indefeso que foi obrigado a apear-se das árvores e fazer esforças grotescos
para equi librar-se e locomover-se na
posição vertical, fora da protecção dos troncos, dos ramos e dos galhos,
dotou-se de uma arma, autêntica bomba atómica do reino animal: um cérebro
pensante.
Hoje, sentamo-nos à beira mar, olhamos o oceano em repouso e
sentimos uma sensação retemperadora, reconfortante, calma, mas ao mesmo tempo
respeitosa, como nenhuma montanha, vale ou planície nos consegue transmitir e
que faz dos povos da beira mar mais acolhedores, pacíficos, talvez mais amantes
da vida, transigentes, compreensivos... o mar tempera-os.
Dois mundos, o da terra e o do mar, fundidos num só e um ser
dominante e dominador que ambos ameaça. O cérebro pensante, a tal bomba atómica
do reino animal, ou nos há-de, um dia projectar para o Universo de que fazemos
parte ou fará da nossa sobrevivência no planeta Terra uma autentica lotaria de
desfecho imprevisível.
Os radicais extremistas das três religiões monoteístas que
infernizaram com guerras permanentes o nosso passado histórico, continuam
presentes liderados agora por esse grupo de natureza islâmica que quer governar
o mundo como um imenso califado e que espalha o espectáculo de terror como
nunca jamais tinha acontecido.
Não que as atrocidades sejam novas, ainda no meu tempo de vivo
milhões de pessoas foram mortas e queimadas pelos nazis em fornos crematórios num
processo de eliminação a uma escala nunca vista mas o povo que o promoveu, o
alemão, desconhecia-o, acordaram para ele mais tarde como todos os restantes
europeus.
Agora, os radicais islâmicos mostram ao mundo, através das novas
tecnologias, os actos horrorosos e selváticos de que são actores numa provocação
hedionda só possível em mentes pervertidas.
Mas para eles isso não chega, não basta matar com requi ntes de malvadez e crueldade os que estão vivos, é preciso
matar também os que estão mortos, destruir as recordações do passado, o património
da humanidade e, quanto ao futuro, metê-lo num quarto escuro onde não se veja o
céu nem as estrelas...
O que estão a dar ao mundo obriga a confrontar-mo-nos com a
verdadeira realidade daqui lo que
somos... uma terrível realidade.
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