sexta-feira, março 20, 2015

O BES de Ricardo Salgado












Durante mais de 8 horas, Ricardo Salgado respondeu sem limitação de tempo às perguntas que os deputados dos vários grupos parlamentares tinham para lhe fazer.

Procurando enquadrar as respostas em situações de contexto correspondentes a uma explicação global favorável à sua tese, a sua intervenção mais parecia uma conferência de Imprensa em que as perguntas se seguiram a uma explanação de uma hora.

“Eu lamento as pessoas que foram prejudicadas mas não peço desculpas porque isso seria perder a razão e eu estou aqui para provar que tenho razão”

Percebia-se a frustração e irritação dos deputados que querendo respostas em concreto eram confrontados com longas divagações porque a matéria é complexa e Ricardo Salgado precisava dessa complexidade porque naquele mundo da alta finança nada é simples ou nada pode parecer simples.

Elegeu um inimigo pessoal que já era esperado, o Governador do Banco de Portugal, e em segundo lugar, para além da crise económica europeia e mundial desencadeada a partir de 2008, queixou-se igualmente do 1º Ministro que se mostrou insensível aos seus apelos para evitar o desastre que veio a acontecer.

Só admitiu um erro na avaliação do risco da Portugal Telecon, quanto ao resto fez tudo bem defendendo sempre que não fora a postura do Banco de Portugal e o BES teria continuado a funcionar.

A sua postura continuava a ser precisamente a mesma do “Dono Disto Tudo” mesmo quando já nada tem. A sua vida vai ser curta para tantos processos que o esperam nos Tribunais e para os quais ele deve ter reservado os milhões que lhe restaram.

Não ouvi a totalidade do inquérito porque foram demasiadas horas e as explicações arrastadas de Ricardo Salgado tornaram a sessão tediosa mas com excepção do deputado do PSD, Carlos Abreu Amorim, que terminou a sua intervenção com uma espécie de sentença condenatória, afirmando-se completamente desiludido por Ricardo Salgado não ter assumido quaisquer responsabilidades nem pedido desculpas o que provocou ruborização no rosto de Ricardo Salgado, sempre este manteve o sangue frio e o aspecto sereno e controlado.

Este homem não tem comparação com outro, José Oliveira e Costa, do BPN que eu vi e ouvi naquele mesmo lugar, naquela situação e pelas mesmas razões, há uns anos atrás.

Esse, numa intervenção um pouco debochada, enquanto comia uma sandes que tinha mandado vir, reconhecia não ter resistido à volúpia do dinheiro...

O resultado da acção de um e do outro irá ser com certeza a mesma: os contribuintes a pagarem com os seus impostos a megalomania destes homens: um num estilo refinado e o outro no estilo boçal.

Então não era a gestão privada a competente? Se juntarmos a estes dois o BCP e o BPN teremos 4 Bancos que foram arruinados por gestores privados mais do que suficiente para deixar o PCP a rir-se para dentro e a acenar que a nacionalização da banca muito dificilmente teria feito pior.

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