Durante mais de 8 horas, Ricardo Salgado
respondeu sem limitação de tempo às perguntas que os deputados dos vários
grupos parlamentares tinham para lhe fazer.
Procurando enquadrar as respostas em
situações de contexto correspondentes a uma explicação global favorável à sua
tese, a sua intervenção mais parecia uma conferência de Imprensa em que as
perguntas se seguiram a uma explanação de uma hora.
“Eu lamento as pessoas que foram
prejudicadas mas não peço desculpas porque isso seria perder a razão e eu estou
aqui para provar que tenho razão”
Percebia-se a frustração e irritação dos
deputados que querendo respostas em concreto eram confrontados com longas
divagações porque a matéria é complexa e Ricardo Salgado precisava dessa
complexidade porque naquele mundo da alta finança nada é simples ou nada pode
parecer simples.
Elegeu um inimigo pessoal que já era
esperado, o Governador do Banco de Portugal, e em segundo lugar, para além da
crise económica europeia e mundial desencadeada a partir de 2008, queixou-se
igualmente do 1º Ministro que se mostrou insensível aos seus apelos para evitar
o desastre que veio a acontecer.
Só admitiu um erro na avaliação do risco
da Portugal Telecon, quanto ao resto fez tudo bem defendendo sempre que não fora a postura do Banco de Portugal
e o BES teria continuado a funcionar.
A sua postura continuava a ser
precisamente a mesma do “Dono Disto Tudo” mesmo quando já nada tem. A sua vida vai ser curta para tantos
processos que o esperam nos Tribunais e para os quais ele deve ter reservado os
milhões que lhe restaram.
Não ouvi a totalidade do inquérito
porque foram demasiadas horas e as explicações arrastadas de Ricardo Salgado
tornaram a sessão tediosa mas com excepção do deputado do PSD, Carlos Abreu Amorim, que
terminou a sua intervenção com uma espécie de sentença condenatória,
afirmando-se completamente desiludido por Ricardo Salgado não ter assumido quaisquer
responsabilidades nem pedido desculpas o que provocou ruborização no rosto de Ricardo Salgado, sempre este manteve o sangue frio e o aspecto sereno e controlado.
Este homem não tem comparação com outro,
José Oliveira e Costa, do BPN que eu vi e ouvi naquele mesmo lugar, naquela
situação e pelas mesmas razões, há uns anos atrás.
Esse, numa intervenção um pouco
debochada, enquanto comia uma sandes que tinha mandado vir, reconhecia não ter
resistido à volúpia do dinheiro...
O resultado da acção de um e do outro irá
ser com certeza a mesma: os contribuintes a pagarem com os seus impostos a
megalomania destes homens: um num estilo refinado e o outro no estilo boçal.
Então não era a gestão privada a
competente? Se juntarmos a estes dois o BCP e o BPN teremos 4 Bancos que foram
arruinados por gestores privados mais do que suficiente para deixar o PCP a
rir-se para dentro e a acenar que a nacionalização da banca muito dificilmente
teria feito pior.
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home