Os Aviões têm as asas largas |
Os Aviões Têm as Asas
Largas
Estamos todos preocupados com a mecânica dos aviões,
se são velhos ou novos, se a manutenção é ou não bem feita e, afinal, não nos
apercebemos que os tempos hoje são outros e os receios devem ser alargados a
outras componentes que não apenas o material.
Não aprendemos com os desastres dos automóveis nas
estradas por esse mundo fora, mais numas que noutras, responsáveis por um número
de vítimas, entre mortos e feridos, que equi valem
às baixas de uma guerra que não tem tréguas.
Todos nós que temos uma carta de condução ou,
simplesmente andamos a pé pelas cidades onde vivemos, somos testemunhas que
mais vítimas ainda poderiam existir se as leis do acaso não nos protegessem a nós
e aos condutores suicidas, irresponsáveis, autênticos kamikazes da condução.
Coitados dos automóveis, que culpa têm eles se quem os
conduz os transforma em armas de arremesso, “objectos perigosos não
identificados como tal” disfarçados em meios de transporte?
Por que é que esta volúpia assassina não haveria de
chegar aos aviões comerciais que transportam centenas de inocentes passageiros?
Em relativo pouco tempo tivemos o Voo 470 das Linhas Aéreas
de Moçambique, em fins de 2013, cujo piloto, Hermínio dos Santos Fernandes, “teve
a intenção clara” de derrubar a aeronave com 33 pessoas a bordo.
O avião da Malásia que há cerca de um ano mudou de
rumo e desapareceu, provavelmente afundado nas águas do Oceano, levando consigo
162 pessoas por motivos que se presumem estar relacionados com a situação do
comandante confrontado com o pagamento de uma dívida de jogo incomportável que
o esperava no fim da viajem.
Agora, o A 320 que foi atirado contra uma montanha por
um jovem piloto de 28 anos ao que, já vão dizendo, sofrendo de uma depressão
relacionada com um desgosto de amor, arrastou para a morte 150 pessoas.
Ao todo, foram 345 pessoas vítimas de Kamikazes que não mataram por amor à pátria, por devoção a um deus menor, como nas Torres Gémeas,
mas apenas porque tinham graves problemas nas suas vidas pessoais que levaram a
distúrbios psicológicos profundos.
A partir deste momento os mais receosos que embarcavam
olhando para o avião com desconfiança pensando se ele estava nas devidas condições,
vão agora pretender também observar os pilotos para tentarem perceber, pela
cara, se eles são fiáveis. Por outras palavras, se eles estão bons da cabeça...
Dizia o nosso amigo Pina no programa de ontem na
televisão onde colabora, no seu conhecido estilo de galhofa, que os Bilhetes de
avião deviam passar a ter inseridos as fotografias dos respectivos pilotos...
As Companhias reagiram de imediato e passaram a tornar
obrigatório o que já era uma recomendação, a presença permanente de uma segunda
pessoa dentro do Cokpit.
Medida óbvia que representa mais uma preocupação do
que um encargo que, a haver, será perfeitamente suportável e que já devia ter
sido antecipado especialmente a partir do momento em que por questões de
segurança as portas das cabines dos aviadores se puderam passar a bloquear por
dentro.
Mas não só, estes três casos mencionados revelam a
necessidade destas pessoas terem uma vida normal, equi librada
e, por esta razão, devem ser acompanhados.
Não faz sentido que o comandante de um avião destes possa ser um
jogador e, como tal, acumular dívidas que o levem ao desespero.
As companhias de aviação não devem alhear-se da vida
pessoal destes seus profissionais pelas graves implicações que delas pode
resultar como mostram estes três casos que aconteceram em relativo pouco tempo.
Lembro o já falecido Eusébio que tinha um medo
pavoroso de andar de avião. Passaria, agora, a ter também medo dos pilotos.
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