Corneteiro de Afonso Henriques. Viram-no por aí? |
CORNETEIRO
(versão brasileira)
D. Afonso Henriques tornou-se conde com a morte do pai, Henrique de Borgonha. A
pedido dos reis espanhóis enfrentou os mouro (árabes que se fixaram na Península
Ibérica conquistada em 743) e, brilhantemente os venceu, na batalha final de
Ourique em 1139.
Surpreendentemente, após a vitória militar, Afonso
Henriques não entregou as terras conquistadas aos aliados de Espanha, ao
contrário, declarou aquelas terras um reino e ele mesmo seu rei. Estava fundando
um novo país - Portugal.
Conta-se que nesses primeiros tempos incertos,
Afonso Henriques permitia que seus soldados saqueassem o exército vencido, ou a
cidade moura conquistada. Mas era na ordem, sem bagunça.
Funcionava
assim; Encerrada a batalha, um corneteiro oficial tocava sua corneta e a partir
desse toque, e só então, era permitido o saque (e estupro pois essas coisas
caminham juntas). Quando o mesmo corneteiro soasse o instrumento pela segunda
vez, estava encerrada a permissão pra saquear e a ordem readmitida. Roubo e
estupro voltavam a ser crimes.
Consta que, numa das principais batalhas
da reconquista, o corneteiro tocou o sinal para iniciar o saque, mas,
provavelmente por estar ferido, morreu durante a ação e não executou o sinal
para encerrar a bandidagem.
O Brasil, como todos sabem, foi colonizado
pelo país que Afonso Henriques inventou. Somos, em boa parte, a extensão da
cultura e do jeito português de ver a vida, o mundo e a si mesmos.
O
saque, de certa forma, transferiu-se para cá.
Aqui se travestiu de
corrupção se institucionalizou nas fissuras de nossa cultura. Nos orgulhamos
de ser o país do “jeitinho” e todos ainda esperam pelo
corneteiro.
A culpa não é nossa, cadê o segundo toque?
Exigimos
dos outros ouvidos apurados, enquanto o nosso é surdo como o corneteiro morto. O
errado é perdoado desde que não seja descoberto.
É preciso reeducar nossa
tropa, para que juntos, possamos soprar, dentro de nós, aquela maldita
corneta.
Prof. Péricles
A História do Corneteiro
(versão portuguesa)
Nos primeiros tempos da
fundação da nacionalidade - tempo do nosso rei D. Afonso Henriques - no fim de
uma batalha o exército vencedor tinha direito ao saque sobre os vencidos.
(Saque - s. m. : acto de
saquear. Roubo público legitimado).
Pois bem, após uma dessas
batalhas, ganha pelo 1º Rei de Portugal, o seu corneteiro lá tocou para dar
"início ao saque" a que as tropas tinham direito e que só terminaria
quando o mesmo corneteiro desse o toque para pôr “fim ao saque”.
Mas, fruto de alguma maleita
ou ferimento, o dito corneteiro finou-se, antes de conseguir tocar o "fim
ao saque" e, até hoje, ninguém voltou
a tocar, anunciando o fim do saque.
Afinal a culpa é mesmo do
corneteiro!...
Não haverá por aí alguém que conheça o toque ?
Nota
- As versões portuguesa e brasileira coincidem. O saque é "um roubo público legítimo" satisfeitas 3 condições:
1ª - Que se tenha entrado na batalha;
2ª - Òbviamente, que se tenha ganho;
3º - Que se aguarde o início do toque "a saque".
Uma vez iniciado o saque é da responsabilidade do corneteiro voltar a tocar a "fim de saque" simplesmente, para poderem saquear descansados, os saqueadores tinham a preocupação de saquearem a corneta do corneteiro ficando este, assim, impedido de pôr termo à parte mais gostosa da batalha até porque, uma boa parte dos soldados eram mercenários e os príncipes pagavam pouco e tarde.
Na realidade, hoje em dia, nenhuma destas condições se verifica apenas o saque sobrevive em todo o seu esplendor.
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home