Imagem de marca de Fátima: tristeza e humilhação |
Fátima
- A enganar pessoas
desde 1917
desde 1917
Há dois dias atrás,
no último dia 13 de Maio, a Televisão voltou a inundar-nos com as imagens das
peregrinações a Fátima desta vez agravadas com a morte por atropelamento de
cinco peregrinos.
Vi de relance, com
tristeza, crentes a arrastarem-se de joelhos até à Cova da Iria naquela que é a
imagem de marca de Fátima.
A hierarqui a da Igreja exulta com estas manifestações de fé
que constituem a maior garantia de que estão assegurados fiéis e dinheiro, para
o Santuário, para a Igreja portuguesa e para a de Roma que, entretanto, já
confirmou a visita do Papa Francisco.
Longe vai o ano de
1917 quando Portugal estava sob uma vaga anticlerical da 1ª República mas mesmo
assim o país era nessa altura mais dado a misticismos do que é agora.
No 14 de Outubro
desse ano escrevia-se no Século Cómico, Suplemento Humorístico do Século:
- “Conservamos a nossa habitual indiferença,
como se a aparição da mãe de Jesus Cristo fosse para nós a coisa mais natural
deste mundo. Vimos passar para a charneca centos, talvez milhares de
peregrinos, crentes, curiosos, amadores de picnics, vendedores de água fresca e
capilé, repórteres e vendedores de vinho a retalho.”
E o que dizer da
conversa entre Nossa Senhora e Lúcia, dos três pastorinhos a única que era espertalhuca
e vivaça?
- “Quero que façam aqui uma capela em minha honra, que sou a Senhora do
Rosário e que continuem a rezar o Terço todos os dias.”
Francisco, o
pastorinho mais frágil da saúde definha-se em vida porque deixou de ir à escola
por penitência, isolava-se, deixou de comer para sofrer pelos pecados dos
outros.
Aproveitando a
oportunidade para recuperar da tal vaga anti-clerical imediatamente a Igreja
lançou a “Cruzada do Rosário” que consistia em rezar o Terço, comungar ao
Domingo, orar pelo sucesso da Cruzada e ter em casa uma Imagem da Nossa
Senhora.
Na aldeia dos meus
avós, era eu ainda muito jovem, recordo perfeitamente essa Imagem que andava de
casa em casa de um grupo de senhoras entre as quais a minha avó e as minhas tias
e primas de mais idade.
Foi assim, de acordo
com o historiador católico Costa Brochado que começou o Mês de Maria:
“Os ímpios tenham
motivos para supor a Igreja derreada mas eis que ela se ergue mais forte e mais
bela do que nunca, lançando-se à reconqui sta
da cristandade com a arma singular do Terço.”
Fátima foi,
inicialmente, uma acção de propaganda de intelectuais católicos encavalitados
na fé do povo ignorante.
Não é preciso ser
psicólogo ou vidente para perceber aqui lo
que Lúcia diz ter visto e ouvido:
- “Sobretudo aceitar e suportar com submissão
o sofrimento que o Senhor nos enviar”- reflexo da forma como
aquelas crianças, naquele Portugal viviam a religião:
- “um Deus que ralha e castiga e exige”.
- “um Deus que ralha e castiga e exige”.
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