domingo, maio 24, 2015

Largo do Seminário
HOJE É

DOMINGO



(Na minha cidade de Santarém em 24/5/15)











Vi ontem em pormenor a descrição do que foi a batalha de Termopolis 480 anos A.C. entre o Rei Leónidas de Esparta e Xerxes da Pérsia que ocorreu no desfiladeiro de Termópilas que deu o nome à batalha e revelou ser o factor mais importante para o desenrolar  da contenda.

Foi, de certo, a mais memorável batalha da história da nossa civilização pelo arrojo, planeamento e desproporção das forças em confronto, 300 homens contra mais de 200.000.

Leónidas era um líder competente e respeitado pelos seus soldados que tinham entrado para a escola da guerra aos 6 anos de idade e conheciam de olhos fechados todas as técnicas de luta treinadas até à exaustão contando, à partida, com o conhecido espírito de sacrifício e disciplina espartana.

É evidente, que sem aquela estreita garganta, desfiladeiro de Termópilas, por onde os persas tinham que passar em pequenos grupos, dada a falta de espaço do estreito, para entrarem em contenda com os gregos, tudo teria sido resolvido em muito pouco tempo mas a escolha do terreno feita por Leónidas para travar a batalha não foi fruto do acaso.

Como também não foi por acaso que as lanças dos soldados espartanos tinham mais 50 cm do que as dos persas e o dispositivo táctico de um bloco de lanças contra o qual os persas se matavam tinha sido estudado e treinado.

Para que serviam 200.000 homens se apenas um pequeno grupo tinha acesso à luta? Fez-me lembrar, mal comparado, a "bicha de pirilau" dos meus soldados em Angola. Que interessava se eram  20 ou 50 se apenas os que iam à frente se apercebiam do que se passava? Tal como no estreito de Termópilas não cabia mais do que um no caminho de "pé posto" por onde nos deslocávamos no mato das florestas do Norte de Angola.

– O resto foram pormenores decisivos desde a distribuição da água aos combatentes para fazer face aos 40 graus de temperatura, a alternância de poucos minutos do pequeno grupo de soldados que enfrentava os persas à saída do estreito por onde eles passavam, tudo na maior das ordens que incluía pequenos recuos para criar campo limpo para lutar obrigando os persas a passar por cima dos cadáveres dos seus companheiros desequilibrando-os física e moralmente.

Terá sido uma carnificina os dois primeiros dias de combate para o lado persa tendo o rei Xerxes perdido dois generais seus irmãos.

Consciente da sua supremacia o rei persa dizia que, se fosse preciso, os seus archeiros enviariam uma tão grande chuva de flechas que encobririam o sol ao que os espartanos responderam: - “Óptimo, combateremos à sombra”, naquela que terá sido uma das melhores fanfarronices da história das guerras...

E foi, na verdade, uma dessas setas que atingiu mortalmente o rei Leónidas embora a causa directa da derrota dos gregos tenha sido um acto de traição de um habitante local grego, que não devia gostar dos espartanos, e foi ensinar aos persas o caminho para fugir ao desfiladeiro fatal e apanhar pelas costas os soldados de Esparta.

Sabendo que tinha sido atraiçoado, Leónidas, que para tudo tinha um plano B enviou, de noite, um pequeno grupo de homens para entrarem no acampamento de Xerxes e matarem-no convencido que a “cobra” sem a cabeça morreria.

A história regista a entrada no acampamento dos elementos do grupo mas não conta o desfecho desta acção. Apenas se sabe que Xerxes, que devia estar fortemente protegido ,sobreviveu.

Ao terceiro dia, os espartanos cercados pelos persas, lutam protegidos por uma das paredes do desfiladeiro mas já nada podem fazer.

O que se passa hoje na luta dos gregos de Tsipras/Varoufakis contra os “persas” da Alemanha fez-me lembrar as Termópilas pela desproporção das forças: de um lado, os gregos, do outro, toda a Europa e porque, tal como então, o que estava em causa era a honra, o orgulho e a liberdade dos gregos.

Também, tal como então, os gregos vão perder agora mas quem sabe se será apenas uma batalha sendo que o resultado da guerra, daqui por uns tempos, não lhes possa vir a ser favorável?

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