segunda-feira, maio 18, 2015

Parabéns Benfica
Parabéns ao Benfica














Quem os deseja é um lisboeta sportinguista que podia ter sido benfiquista mas por razões que mergulham fundo nos primórdios da minha juventude das quais não tenho ideia precisa, fiz-me sportinguista.

Pensando melhor, conjugando a história da vida do meu Clube com a minha própria, de 1946 a 54, o Sporting ganhou durante esses 8 anos 7 Campeonatos Nacionais o que é uma boa razão para se escolher o clube da nossa vida.

A magia dos “5 violinos”: Jesus Correia, Vasques, Peyroteu, Travassos e Albano, foi mais que suficiente para mim que na camioneta do Colégio S. João de Brito passava todos os dias na Av. das Linhas de Torres, ao lado do campo onde eles jogavam.

Eu tinha a mania que era guarda-redes. Miúdo, de calções, como todos os meninos de bem da minha época, quem me queria ver feliz era entre os postes de uma baliza e lembro-me de ter sido treinado pelo motorista de um colega rico que tinha sido jogador do Sporting.

O encanto por uma bola nunca me passou. O meu pai costumava dizer-me que quando eu via uma bola até cegava. Quem pagava as favas era a parede de trás da capela da aldeia dos meus avós, onde passava as férias, e que ficou toda marcada com as boladas que levava.

Muito mais tarde, como não perdi o encanto pelas bolas, comecei a jogar ténis aos 45 anos de idade. Parei aos 75 porque me faltou o parceiro e era tarde para arranjar outro.

A partir desse momento, já sem os meniscos dos joelhos, comecei a envelhecer a sério...

Há uns 10 anos atrás voltei a sócio do Sporting depois de o ter sido na década de sessenta, quando o nosso avançado centro, durante 8 anos, desde 1964, era o Lourenço, atacante nato, que conquistou dois Campeonatos Nacionais.

Era um excelente finalizador, homem da área, marcador de 145 golos em todas as suas participações mas, como todos, também falhava e era assobiado pelos adeptos que não perdoam.

Então, saltava lá da bancada uma mulher, amante ou simples candidata, que batia com a mão no peito e gritava a quem o assobiava que ele não precisava daquilo para nada porque tinha ali uma mulher muito capaz de ir lavar escadas para ele...

Que saudades desses tempos... quando as amantes dos futebolistas eram desconhecidas, não apareciam em revistas cor-de-rosa e só se davam a conhecer nas bancadas dos estádios para gritarem alto e bom som o seu amor afirmando a disponibilidade para "trabalhar a dias" poupando o seu homem ao vexame dos assobios.

Mas agora, em 2005, o Estádio já era o novo e para entrar, para além do Bilhete de Sócio, tinha que ser todo apalpado como vulgar suspeito de carteirista, sem poder levar comigo, sequer, uns pequenos binóculos para ver melhor os marcadores dos golos.

Não, o meu Clube jamais me tratará assim... em memória de um passado, em memória dos “5 violinos”.

O meu sobrinho bem me explicava: ... "tás a ver tio, é uma medida de segurança, qualquer gajo podia atirar com os binóculos e partir a cabeça de um jogador..." - Pois... fico no sofá, privado da companhia da minha família sportinguista mas com direito a repetições para ver e rever os marcadores dos golos sem o recurso aos binóculos que, arremeçados, podem para partir cabeças aos jogadores.

E, para acabar como comecei: - Parabéns ao Benfica

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