Rui Machado foi ontem eliminado no Estoril Open |
O (meu) Open do
Estoril
e a Tenda dos VIPs em
2006
Há uns anos atrás, precisamente em 2006, já lá vão 9 anos,
aceitei um convite do meu genro para me levar à boleia ao Torneio de Ténis do
Open do Estoril.
O deste ano realizou-se no Clube de Ténis do Estoril, em novas
instalações, não trouxe nenhum jogador de nomeada que funcionasse como cabeça
de cartaz, e dos dois portugueses que participaram o mais cotado, João Sousa,
50º do ranking, foi eliminado por outro português, Rui Machado, muito menos
categorizado que por sua vez perdeu ontem com um jovem prodígio, Borna Coric,
croata de 18 anos.
Vi parte de jogo, o Rui ainda conseguiu chegar ao 3º Set mas aqui faltaram-lhe pernas e perdeu por 6-1. É normal,
o ténis não é propriamente um jogo de sorte e azar e o valor dos jogadores quase sempre vem
ao de cima quando as “cabeças” estão no seu lugar.
Todos os jogos começaram por ser formas de entretenimento ad
O ténis, jogado
inicialmente nos campos que os ricos mandavam construir por entre os jardins
das suas casas apalaçadas estava destinado, por esta razão, a desporto de elite
e quando havia torneios era coisa para “inglês” ver porque também ninguém
percebia um desporto em que os pontos em vez de se contarem normalmente: um,
dois, três e por aí fora…começam em qui nze, trinta e quarenta, vantagens para aqui , vantagens para ali, jogo, Set, partida… mesmo
coisa que só podia ser inventada por ricos para confundir a cabeça dos pobres.
Nunca vi nenhum vaidoso da minha cidade de Santarém entrar no
Café numa manhã de sábado sobraçando um saco de berlindes ou uma simples bola
de futebol, mas já lá os vi a
passearem a raquete de ténis debaixo do braço.
Foi assim que nasceu a história dos Vips
associada ao ténis.
Não fora o 25 de Abril e o Poder Autárqui co
a construir campos de ténis por esse país fora e a tornar acessível a sua
prática ao comum das pessoas, especialmente os jovens, e ainda hoje os havíamos
de ver a pavonearem-se com a raquete de ténis transformada em objecto de adorno,
as pessoas do costume armadas em “very important pearsons”(VIP), menos agora
com a crise.
De
certa forma a democracia “estragou” o Ténis e agora pouco há fazer para além de
terem que se refugiar no golfe ou no sky na Serra Nevada, na vizinha Espanha,
para já não falar nos Alpes Suíços.
Salvou-se
a Tenda dos Vips no Open de Ténis do Estoril, desse já distante ano de 2006, já
sem as raquetes debaixo do braço mas com o mesmo ar de convencidos, pulôvers de
marca colocados por cima dos ombros displicentemente, taça de champanhe na mão,
chegando-se “como quem não quer a coisa” para junto de algum “mediático” porque
com tantos fotógrafos há sempre a hipótese de ficarem num “boneco” e aparecerem
numa qualquer revista.
E
eles lá estavam, os mediáticos: o incontornável, inefável e inevitável Scolari,
com o inseparável e pegajoso do Madaíl, mais os Vilarinhos e os Soares Francos
e o Joaqui m de Almeida, com o seu
novo visual de barbas, enquanto decorria um desfile de moda da Massimo Dutti
acompanhado por um grupo musical que abrilhantava o acontecimento com música
típica do sul de Itália onde entrava o nosso familiar e saudoso acordeão a
fazer lembrar os bailes da minha aldeia nos anos quarenta e cinquenta.
E as
jovens modelos, estilizadas, ou eram marionetas? Não reparei bem, lá iam
desfilando como autómatos movidos a pilhas, antigamente teria sido a corda.
Passavam
a dois passos de mim, pensei eu que era ao vivo mas estavam tão mortos como
quando os vejo na televisão, nos seus rostos não há expressão, nem humanidade e
eu pergunto a mim próprio se é preciso aqui lo
para vender umas camisolas ou umas calças. Naturalmente é capaz de ser...
À
saída da Tenda (com letra maiúscula porque é dos Vips), num espaço reservado,
no lado direito, três senhores, refastelados em três cadeirões tremiam tanto
que mais pareciam acometidos de ataques epilépt icos
mas afinal era apenas um teste numa máqui na
de massagens, daquelas que dispensam massagista e logo uma jovem, completamente
industriada em curso intensivo, se aproximou para me elucidar das vantagens das
massagens.
Respondi-lhe
que não estava interessado nos aparelhos apenas tinha parado porque me pareceu
que as pessoas podiam estar a sentirem-se mal tal era a tremedeira…
No
que respeita ao “desportivo” propriamente dito, tive oportunidade, então, de
assistir à surpreendente vitória do nosso Gil que é o 200 do Ranking mundial
com um russo de dois metros de altura e serviços a velocidades entre os 200 e
220 de tal forma que o Gil, pequenino, tinha que ir esperar a bola a mais de
três metros atrás da linha da linha de fundo.
Mas o gigante começou a enervar-se porque o Gil deslocava-se
muito lentamente no campo entre os pontos, esgotando todos os segundos regulamentares,
creio que são 20, e o público começou a mandar “bocas” e ele, em vez de pontos,
começou a somar asneiras.
Os Torneios de Ténis vistos ao vivo são dois espectáculos: um,
que tem a ver com a Sociaty e outro, o desportivo, entre as quatro linhas.
No futebol também é assim. Na qualidade de sócio do Sporting
gostava de ir mais cedo para o estádio, não para assistir a “tristes” cenas de
vaidade, o futebol foi sempre dos pobres, começava a jogar-se na rua e não nos
jardins dos palacetes, mas apenas porque me sentia bem entre a minha família
sportinguista.
As “feiras” de vaidade sempre me causaram uma certa repulsa. De
feiras, recordo as da aldeia dos meus avós porque tinham fogo de artifício
liberto de pedaços de cortiça, rio Tejo a baixo, e dos cordões de pinhões
enfiados numa linha.
Tudo já vai pertencendo ao passado mas é bom recordar. Joguei para prazer meu dos 45 aos 75 quando o meu parceiro cedeu com problemas de coluna já tinha eu feito duas operações aos joelhos. É assim quando se gosta...
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