Portugal
(Domingos
Amaral)
Episódio Nº 17
Por isso Egas Moniz, sugeriu um arrojado plano.
- Ide vós, hoje à noite, em segredo. Levai o
infante, mais dois ou três homens. Ide pela estrada do Norte, há menos mouros
ali, e ide para Santa Maria da Feira.
Estavam agora na zona norte
da muralha e viam-se poucas tropas, pois o califa, concentrara as suas forças a
leste e a oeste da cidade, e sobretudo a sul, junto ao rio.
Havia razões para isso:
Coimbra só tinha a oriente a Porta do Sol; a sueste a porta da Traição; a
sudoeste a Porta do Arco; e a ocidente a Porta de Almedina. Não havendo porta a
norte, era inútil atacar por aí.
Ermígio Moniz duvidou da
arriscada fuga. Acreditava na resistência da cidade, protegida pelos seus
ancestrais muros.
Os árabes haviam saqueado as
igrejas dos arrabaldes, a de São Vicente, a de São Pedro e a de Cucufate, mas a
Almedina era favorável aos que a defendiam e a alcáçova de Coimbra quase inatacável.
Além disso, grande parte da
população era composta por moçárabes, leais aos cristãos desde que Sesinando
recebera o governo da cidade das mãos do seu conqui stador,
o pai de Afonso VI, Fernando Magno.
Há mais de cinquenta anos
que Coimbra era cristã e os infiéis acabariam por se cansar, como acontecera no
ano anterior.
-É muito perigoso, murmurou
Ermígio – E se nos apanham?
Com convicção meu pai
insistiu:
- Levam bons cavalos, rápidos, a meio da
noite. É preciso salvar Afonso Henriques! O ataque final do califa está para
breve!
Ermígio torceu o nariz.
Transportar o jovem príncipe era uma enorme responsabilidade e ele temia
falhar. Lamentou-se:
- Faz-nos falta Paio Soares
e os seus conselhos.
O antigo alferes do conde
Henrique e de Dona Teresa tinha-se afastado da corte do Condado Portucalense
depois da morte do conde, com receio da fúria de dona Urraca, e vivia agora
pacatamente nas suas terras, na Maia.
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