Sacrificado... para quê? |
A vitória do Não
Já aqui vos referi os equívocos em que os gregos mergulharam e esta vitória
do Não consagra o maior deles embora tenha sido esplêndida pelo que
representou de afirmação da dignidade de um povo.
Mas a
resposta dos responsáveis europeus, uns mais do que outros, mostra que sentiram
essa vitória do Não como uma crítica descarada às suas políticas e um desafio
aos seus interesses e responderam com a dureza de quem se sente provocado e tem
a faca e o queijo na mão.
- “Pois
preparem-se porque agora as condições ainda irão ser mais exigentes”... e entre
dentes terão comentado uns com os outros: “estes gajos são uns chatos, temos de
correr com eles...”
Reparem,
no entanto, que na eleição de Domingo na Grécia, a maior parte da população, 4
milhões de pessoas, a maioria, abstiveram-se, votarem Branco ou Nulo, desinteressando-se de participar no futuro do seu país.
Como é
que Tsipras irá responder a estes? – E aos que votaram Não e agora vai aceitar
empréstimos que nada resolvem a troco de cortes nos salários, pensões e ao
mesmo tempo comprometer-se com um crescimento económico, aumento na recolha dos
impostos e reformas na Administração Central impossíveis de alcançar em prazos
tão curtos?
Tsipras,
percebe-se, não desistiu da Europa e por isso até já entregou a cabeça de
Varoufakis mas, para quê? – Para receber 8 mil milhões que nada resolvem?
Dentro
de poucos dias os gregos perguntarão para que raio, afinal, votaram Não e vão
sentir-se traídos porque se deixaram envolver no equívoco de que as autoridades
europeias, finalmente, compreenderiam a situação e lhes permitiriam condições
de dignidade, mesmo que fosse austera, para ultrapassar esta situação.
Na Grécia
já não há dinheiro. Só no último meio ano voaram dos bancos gregos 40 mil milhões
de euros e o muito pouco que lá ficou sai agora às pinguinhas de 60 euros.
O que
resta agora aos credores é a escravização dos gregos, o seu sangue, e Tsipras
que ganhou o Referendo tão expressivamente vai ter que falar novamente com o
seu povo e perguntar-lhes, finalmente, se querem ficar na zona euro, ao sabor
das exigências dos credores com humilhação e sacrifícios a favor deles, ou se
regressam à sua dracma, provavelmente com mais sacrifícios ainda, mas sem
humilhação, por sua conta e risco.
E se ele, Tsipras, apresentasse às autoridades europeias um programa sério de Reformas do Estado como contrapartida de um empréstimo à sua economia?
E se ele, Tsipras, apresentasse às autoridades europeias um programa sério de Reformas do Estado como contrapartida de um empréstimo à sua economia?
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