terça-feira, agosto 11, 2015

Assim Nasceu Portugal
(Domingos Amaral)

Episódio Nº 38



















No epicentro desta confusão, ficava Toronho cuja principal cidade era Tui.

Para Elvira e Gomes Nunes, manter o território era imperativo, mas a tempestade que os cercava era gigantesca.

É certo, que sendo Elvira uma Trava, podia apoiar-se na família mais poderosa da Galiza; e sendo seu irmão Fernão, o actual amante de Dona Teresa, podia sempre interceder por Toronho.

Porém, Gomes Nunes era um portucalense, e Urraca e Gelmires consideravam-no um inimigo.

Elvira suspirou, olhando suas belas meninas. Desejava que elas crescessem mais depressa e imaginava-as a casarem com alguém importante, como Paio Soares, senhor da Maia, ou com um dos irmãos Moniz, de Ribadouro.

Eram muito mais velhos do que as filhas mas a difernça de idades seria um pormenor irrelevante, comparado com a preservação de Toronho.

- Mãe, mãe, gritou Chamoa Gomes – Estou linda?

A rapariga colhera duas rosas brancas e colocara-as no cabelo.

Muitas vezes, Chamoa usava carrapito ou rabo-de-cavalo, mas naquele dia deixara os cabelos soltos e as rosas assentavam-lhe maravilhosamente.

- Cuidado, ainda vos picam! – avisou a irmã, Maria Gomes.

Chamoa ignorou-a. Olhou para a mãe a sorrir, e deu uma volta sobre si própria, o que fez esvoaçar a dalmática cor-de-rosa.

- Ficas muito bonita mas agora está na hora de irmos, o vosso pai deve querer jantar – disse Elvira.

Chamoa não pareceu ouvi-la e, sempre a sorrir, exclamou.

 - É assim que me quero casar, com rosas brancas na cabeça!

A mãe aprovou, ficaria de certo formosa, à porta de uma igreja.

Porém, logo se surpreendeu, quando a filha declarou:

- Vou casar-me com um prícipe!

Maria Gomes fez uma careta e duvidou.

 - Na Galiza só há um príncipe, o Afonso Raimundes, e esse vai casar-se com a Tereza de Celanova!

Ainda mais espantada com as palavras da filha mais velha do que com o desejo romântico da mais nova, Elvira franziu a testa.

- Onde haveis ouvido tal coisa?

Maria ficou atrapalhada, enquanto a mãe garantia que Afonso Raimundes certamente escolheria para esposa uma princesa de outro reino, talvez até de fora de Hispânia, como era próprio de um futuro rei.

Sem desanimar com a profecia materna, Chamoa exclamou:

 - Então arranjo outro! Juro que vou casar-me com um príncipe.


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