de Confiança
A semana passada, aqui
no Memórias Futuras, e a propósito das gafes cometidas nos cartazes do PS, com
as senhoras que estavam desempregadas e emigradas quando, afinal, estavam a
trabalhar e a viver em Lisboa, disse aqui lo
que parecia óbvio ao bom estilo dos romances de detectives, sigam o rasto da
mulher ou do dinheiro.
Neste caso: sigam as sondagens, e o que dizem
elas? - que o povo português prefere, por larga margem, para 1º Ministro, António
Costa a Passos Coelho.
Sendo assim, havia apenas que pegar na figura do
líder do Partido Socialista, pespegá-la num cartaz, em grande plano e
acrescentar: António Costa, o 1º Ministro que os portugueses preferem.
Quando a mensagem é óbvia não há que inventar e
muito menos complicar porque mesmo que aquelas senhoras dos cartazes estivessem
efectivamente desempregadas e emigradas, o desemprego e a emigração forçada são
situações, mais esta do que aquela que, infelizmente, fazem parte da história
do país, atingem todos, ninguém está cómodo com este fenómeno que se liga,
praticamente, à vida de toas as famílias portuguesas.
Foi, portanto, uma dupla asneira: na concepção e
na execução que levou, e muito bem, à demissão do responsável pela campanha do
Partido.
Quando, nestes momentos importantes, há
colaboradores que nem sabemos se são do partido ou simplesmente pessoas pagas
para trabalhar, se sentem “mentes privilegiadas” há sempre o risco de coisas
destas acontecerem se o responsável não se mantiver de cabeça fria e atenta.
António Costa pode não ser aquela figura que
transmite, como António Guterres, ternura e proximidade, que despertava de
imediato luzinhas verdes de simpatia mas, a confiança que António Costa
desperta, é mais do que suficiente para qualquer um lhe comprar um carro a ele
e não a Passos Coelho e muito menos ao oportunista Paulo Portas.
António Costa nasceu e mergulhou na política mas,
pelo meio, tirou um Curso de Direito onde revelou dotes de inteligência referidas
pelo insuspeito Marcelo Rebelo de Sousa, que foi seu professor na Faculdade,
trabalhou três anos como advogado tendo, a partir daí, desempenhado cargos
governamentais e autárqui cos na Câmara
de Lisboa para a qual foi eleito Presidente com a maior percentagem de votos de sempre.
Sabemos que o nosso grau de autonomia política e
financeira ligados a uma Europa subjugada aos interesses da Alemanha, é
estreito, mas entre António Costa e Passos Coelho existem diferenças que não são
apenas de estilo e hoje, quando olho à minha volta, sinto-me despojado de tudo quanto era nosso, percebo que essa foi a vontade do actual 1º
Ministro e não, propriamente, uma consequência inevitável da herança que
recebeu do anterior governo.
Como português, sinto-me desamparado com Passos
Coelho, lançado por um caminho de interesses desconhecidos, alheios, como se
estivesse a perder o chão debaixo dos pés.
Reafirmo que para um e para o outro, a margem de
autonomia financeira é estreita mas António Costa sabe onde está o mal e
promete lutar com o seu partido no Parlamento e junto de outros governos para
tentar influenciar o destino da Europa num rumo mais favorável aos nossos
interesses e não acomodar-se a uma política de austeridade com a qual, afinal, Passos Coelho está de acordo.
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