Castelo de Almorol - de Beatriz e o Mouro |
A Lenda de
Beatriz e o Mouro
Em tempos
que já lá vão, em que a Península Ibérica estava dividida entre os mouros e os
descendentes dos visigodos, nasceu uma lenda de um amor destinado a ser
impossível.
Vivia então no Castelo de Almourol um nobre godo, de seu nome D.
Ramiro, com a sua mulher e uma filha única chamada Beatriz.
D. Ramiro era um
chefe guerreiro que travava frequentes batalhas contra os mouros, tendo fama de
impiedoso e cruel.
Um dia voltava das sua guerras quando já próximo do seu
castelo avistou duas belas mouras, mãe e filha, transportando água numa bilha. O
nobre godo parou o seu cavalo e pediu-lhes de beber mas as mouras assustaram-se
e deixaram cair a bilha de água que se partiu.
O impaciente D. Ramiro ficou
cheio de raiva e logo ali as matou com a sua lança, mas antes de morrer a moura
mais jovem amaldiçoou o cavaleiro cristão e toda a sua descendência.
Aos gritos
de morte das mouras, acorreu um rapaz de onze anos, filho e irmão das infelizes,
que ficou estarrecido perante o terrível e inevitável sucedido.
D. Ramiro levou
o jovem mouro como escravo para o castelo e pô-lo ao serviço de sua filha
Beatriz. O mouro jurou vingar-se da morte das mulheres da sua família e,
passados alguns anos, a mulher de D. Ramiro morreu envenenada, cumprindo-se
assim a primeira parte da vingança.
D. Ramiro, cheio de desgosto, resolveu ir
combater os infiéis deixando Beatriz à guarda do mouro que não conseguiu cumprir
a segunda parte da sua jura.
Na verdade, Beatriz e o mouro apaixonaram-se
perdidamente. Mas um dia D. Ramiro voltou ao seu castelo acompanhado pelo
pretendente a quem tinha concedido a mão da sua filha.
O apaixonado mouro
preferia morrer a perder a sua Beatriz e contou-lhe a história da sua desgraça e
as juras de vingança.
Não se sabe muito bem o que se passou depois mas decerto
que Beatriz lhe perdoou. A lenda conta que Beatriz e o mouro desapareceram como
que por encanto e que D. Ramiro morreu pouco depois cheio de remorsos.
Diz quem
sabe, que no dia de S. João as almas do mouro e de Beatriz ainda hoje aparecem
na torre do castelo, e que D. Ramiro, rojado a seus pés, pede eterno perdão
pelos seus crimes.
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