sexta-feira, outubro 16, 2015

Por Quê?













Por que é que, na noite de 4 de Outubro, contados os votos, António Costa não desceu à sala de imprensa e, humildemente, confirmou a sua derrota e se despediu dos seus camaradas e restantes votantes por esse país fora, libertando o partido da responsabilidade daqueles resultados dizendo, por exemplo, qualquer coisa como isto:

 - “Esta é, por certo, a pior derrota do Partido Socialista, a mais decepcionante e inesperada. Os portugueses não podem ser masoquistas e, se depois de tantas mal-feitorias do governo de Passos Coelho, lhe voltam a dar uma vitória que não sendo absoluta é expressiva, foi porque eu falhei na mensagem. A culpa só pode ser minha e, por isso, deixo o meu cargo de Secretário – Geral                                                                  
Boa - Noite, meus senhores.”


Por que é que as coisas não se passaram assim?

- Porque António Costa é um político até à última célula do seu organismo, já o era no momento da sua concepção, continuou a sê-lo quando nasceu e aos 14 anos, entrou para o Partido Socialista, porque não tinha outro caminho a seguir na vida.

Mas, o que é ser político? – É ter a capacidade de explorar até ao limite, através do diálogo e de conversações, todas as soluções de arranjo político na sociedade, mesmo que elas sejam inéditas, mesmo que nunca tenham sido prosseguidas, mesmo que envolvam riscos e incertezas.

Naquela noite, depararam-se, ao seu lado esquerdo, quase 1 milhão de votos, 996.872, concretamente, que mais uma vez não iriam contar para nada porque estavam fora do Arco da Governação por razões que todos sabiam de há 40 anos a esta parte. Era, pois, já uma questão de acomodação, mas Costa não concordava com isto.

Em Agosto de 2014 ele dissera: “Nunca aceitei essa expressão de partidos do arco da governação ou que haja partidos proscritos”.

Na noite de 4 de Outubro estavam criadas as condições, não para uma despedida pungida, normal com aqueles resultados, mas para que António Costa ficasse na história da democracia portuguesa como o político que ousa tentar deitar abaixo o famigerado Arco da Governação.

Tentar fazer isto numa situação de espartilho financeiro da Europa, a que pertencemos porque é o nosso espaço e debaixo da vigilância dos credores é... de político!

Por isso, a direita está nervosa e os camaradas de partido que não partilham da mesma forma de encarar a situação, reagem furiosos.

Costa, dirá sempre que deveria ter tentado o que tentou. Era preciso abrir a democracia portuguesa, alargá-la a todos, sem que isso tenha sido uma ideia oportunista de última hora.

Era, pelo contrário, uma ideia genuína, testemunhada por muitos camaradas seus, enquanto alguns outros o acusam chamando “aquilo” de “uma barafunda suicidária sem programa nem destino certo”.

Entretanto, Jerónimo de Sousa, “move-se” e Catarina Martins “mexe-se”.

- Será que eles vão contribuir com a sua parte para a “barafunda suicidária” de António Costa?


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