domingo, novembro 01, 2015

Largo do Seminário - Santarém
HOJE É DOMINGO


















“Terramoto político”, diz António Vitorino sobre a iniciativa de António Costa de constituir um governo minoritário com o apoio dos partidos da esquerda e eu creio que, mais uma vez, ele define com total acerto o que se está a passar.

António Vitorino, de quem eu gosto de dizer que tem ventoinhas na cabeça, é o político mais brilhante de todos os que temos. Dotado de uma memória totalmente precisa e de uma brilhante inteligência, já tinha dado nas vistas como Comissário Europeu onde fez um trabalho por todos elogiado na pasta da Defesa e Assuntos Internos entre 1999/04, é Licenciado em Direito e Mestre em Ciências Jurídico-Políticas.

Ministro da Presidência e da Defesa Nacional no Governo de António Guterres, de 1995/7, está hoje de tal forma absorvido pela actividade privada, desempenha cargos em mais de doze empresas, que não lhe sobra tempo para a política activa, o que é um desperdício para o país.

No entanto, a natureza humana é o que é, e o carácter de Vitorino tem uma componente de timidez que lhe retira o arrojo, a ambição e a competitividade sem o que não se pode ser político.

António Vitorino, tornou-se, por isso, uma espécie de reserva pensante de luxo do Partido Socialista a que pertence desde jovem, quando andava no liceu.

Pois bem, António Vitorino, como todos os homens sábios, se por um lado, fala em “terramoto político”, por outro, não avança considerações sobre o acordo que António Costa está a pretender estabelecer com os partidos de esquerda antes de o conhecer.

De certo, que em audição privada com o líder do seu partido, que já o ouviu, ter-lhe-á adiantado considerações de mais pormenor. No entanto, este passo político, para além de arrojado, é inédito e embora possa correr bem, tem mais razões para correr mal, pesados todos os receios.

Costa, está a estabelecer a si próprio objectivos de entendimento e persuasão com outros políticos, nos quais, de certo, acredita, mas não deixarão de ser o desafio da sua vida.

Quarenta anos de uma situação política consolidada e, de repente, depois de uma vitória da direita, comemorada com beijos e abraços e, sei lá, também com champanhe, surge outra solução que não se pensava ser possível, e põe tudo de pernas para o ar.

- Que será uma abertura à democracia política portuguesa, sem dúvida que sim, mas na situação concreta em que vivemos, num contexto europeu e internacional tão difíceis, não deixa de ser um enorme risco... mas o que seria da vida sem riscos?

Eu não esperava.Também fui, como milhares de votantes no partido socialista, surpreendido por António Costa, mas, chagados aqui, agora pago para ver...

Que pensará, António Vitorino, quando fala em “terramoto político? – abanão, estremeção das estruturas políticas do país, ou destruição, leia-se desintegração do PS com o reforço da direita?


 - Claro que ele diria que temos de esperar pelos efeitos do terramoto, sobre ele, podemos fazer previsões, normalmente, conformes aos desejos de cada um, mas resultados só no fim, quando a terra deixar de tremer...     

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