terça-feira, novembro 10, 2015

Quem semeia ventos...









colhe tempestades, e é bem verdade. Os ódios de toda a oposição viram-se agora contra Passos Coelho em resposta ao seu estilo distante e arrogante, ele, que nem sequer tinha pergaminhos políticos ou quaisquer  outros, que pudesse justificar tal estilo.
Diz também o povo, e é verdade, que às vezes não é tanto o que se diz mas a forma como se diz... e aquele sorriso fino também não ajuda. Não há nada que mais desagrade do que um sorriso a acompanhar assuntos sérios.
Passos argumenta bem. Lembro o debate na campanha para as eleições de 2011, que ele ganhou com maioria absoluta, e obteve uma vitória clara no debate com um Sócrates que já sentia o chão a fugi-lhe debaixo dos pés.
Depois de eleito, no entanto, iniciou o mandato de forma desrespeitosa para com os portugueses, tivesse ele razão, ou não.
Não se pode falar em público, sendo 1º Ministro, e referindo-se aos portugueses, esse colectivo de pessoas onde cabem todas as realidades, acusando-os de “piegas”, que “viveram acima das possibilidades” ou, finalmente, não havendo emprego, "devem procurá-lo fora das fronteiras".
Estas afirmações foram acintosas e ofenderam os portugueses, que não são piegas, não viveram acima das suas possibilidades e todos os outros que despedindo-se dos filhos e netos, nas estações de comboio ou dos aviões, não deixaram de ligar esse momento doloroso das suas vidas, às palavras de Passos Coelho.
Os portugueses, ao longo da sua história, sempre emigraram para melhorar as suas condições de vida mas não reza essa história que alguma vez tenha sido o governo a convidá-los a partir.
O deputado Galamba, do PS, queixou-se desta forma de relacionamento do governante Passos com os portugueses mas não viu nela uma questão de forma ou estilo.
Para ele, o 1º Ministro, pensa mesmo que os mais pequenos, pobres e frágeis, não o eram suficientemente, não deveriam ter acesso a bens e serviços que não estavam ao  seu alcance, porque pobres a quererem fazer figura de ricos dá uma péssima imagem para os credores.
E, com a desculpa que herdara um Estado falido, atirou-se a tudo quanto era pequeno e frágil, pessoas e empresas, para que não tivessem veleidades e deixassem o campo aberto aos grandes, àqueles em que vale a pena apostar.
Eu recordo perfeitamente esse período áureo do início do governo de Passos Coelho e do seu inefável Ministro das Finanças, mandado vir de propósito para esse efeito de Bruxelas, e que nos deixava pendurado em cada palavra que dizia, que essa ideia de castigo e de “meter as pessoas nos eixos” perpassava, então, no ambiente que se respirava então em Portugal.
Espiávamos as culpas das nossas desmesuradas aspirações e do desgoverno de Sócrates que, entretanto, tinha ido estudar para Paris.
Povo de raízes católicas, sabíamos todos bem o que era a expiação dos pecados como forma redentora da salvação das almas...
Agora, Passos Coelho, vai ser derrubado, quatro vezes seguidas - diz aqui no jornal -  para que cada partido, na sua individualidade própria, possa sentir o prazer da vingança.
Quem semeia ventos...

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