domingo, fevereiro 28, 2016

Muralhas do castelo nas Portas do Sol
Hoje é Domingo
(Na minha cidade de Santarém em 28/2/16)
















Todos os indicadores a nível  nacional são favoráveis ao governo: índice de confiança, desemprego, crescimento, construção, turismo, e até o Movies, a mais importante Agência Internacional de Avaliação Financeira, se pronunciou favoravelmente quanto ao Governo e Orçamento recentemente aprovado em Bruxelas.

Desfavorável, mesmo, o Sr. Claude Juncker que expressa, permanentemente, as suas desconfianças relativamente ao governo de António Costa e ao seu Orçamento, tal como o PSD e a Direita, dentro do país, que rejubila com qualquer exigência do Bloco ou do PCP satisfeita pelo governo, no campo dos apoios sociais ou aumento de pensões e reformas, na expectativa de que qualquer aumento na Despesa possa ajudar a desequilibrar o Orçamento aumentando-lhe o Deficit.

Espera-se que o Sr. Juncker seja intransigente face a qualquer desvio porque, com Passos Coelho, era uma coisa, ele era da mesma família e justificava-se a aceitação de agravamentos do Deficit inicialmente acordado mas, com o PS de Costa apoiado em comunistas e bloquistas, onde já se viu?...

Este Orçamento não pode dar certo, não pode mesmo!

Como é que Passos Coelho, o PSD e a Direita, iriam conviver com uma alternativa, pequenina que fosse, que a margem é estreitinha, de um PS que lhe virou as costas, o humilhou, e foi entender-se com os esquerdistas do PCP e do Bloco, quando, Passos já tinha cantado vitória, e sido mesmo investido como 1º Ministro pelo Presidente da República na qualidade de líder do partido mais votado nas eleições?...

Que ideia aquela do António Costa, Chefe de um partido do Centro Esquerda, surpreendendo tudo e todos, de ir entender-se, coisa nunca vista em 40 anos de democracia, com partidos da extrema esquerda cujos deputados apenas tinham tido, até agora, votos de protesto na Assembleia da República?

Se imaginarmos um barco a subir um rio contra a corrente com António Costa ao leme, teremos a melhor simbologia para o actual governo.

Como é possível?

– Pela lógica dos números em democracia tão óbvia que, aqui ao lado, em Espanha, o líder do partido que ganhou as eleições, tal como em Portugal, nem sequer lhe passou pela cabeça em pedir ao Rei a sua investidura como Chefe do Governo porque, como Passos Coelho, não tinha maioria no Parlamento, e ainda agora não conseguiram formar governo.

A oposição chama a Mário Centeno, Ministro das Finanças, o mágico dos números, porque elaborou um Orçamento em que conseguiu pôr tudo a bater certo a partir de pressupostos em que eles não acreditam.

A execução do Orçamento de 2016 vai dar com “os burrinhos na água” e Bruxelas, intransigente, com um governo que não é da sua simpatia, antes pelo contrário, não vai ceder, e os partidos de esquerda que apoiam o governo não podem desvirtuar a sua natureza e aceitar medias de austeridade... e o governo cai.

Seguem-se novas eleições em que Passos Coelho, apoiado, mais uma vez, pelos brasileiros do marketing político, ganha as eleições, agora sim, com maioria absoluta, e tudo volta à normalidade... com menos apoios sociais, diminuição de pensões e ordenados e o aplauso de Juncker e dos credores que sempre fizeram sentir que, se há folgas financeiras, esse dinheiro é deles, não é para dar aos pobrezinhos do país.

As dívidas pagam-se com sangue, suor e lágrimas porque os donos do dinheiro nunca podem ficar mal. O risco de um empréstimo não pode ser de quem empresta...

Aguarda-se a resposta dos trabalhadores e dos pensionistas mas o poder do factor trabalho está a desvanecer-se, é secundário, um bem transaccionável, e o dos pensionistas reside em marchas silenciosas porque já não têm forças para gritar...


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