A minha cidade de Santarém |
Hoje é Domingo
(Na minha cidade de Santarém em 2773/16)
Hoje é Domingo, um Domingo especial, em que os crentes católicos,
celebram a Páscoa, a ressurreição de Cristo que saiu do túmulo ao terceiro dia
para subir ao céu e sentar-se à direita de Deus Todo – Poderoso.
Efectivamente, é só a partir deste dia, que o Movimento
desencadeado por Jesus se transforma realmente em religião, porque o seu
representante na terra se liberta do mundo dos mortos, sobe ao céu e, ele próprio
adqui re também o poder de ser Deus.
A ressuscitação não era, propriamente, um fenómeno inédito e
desconhecido entre o povo hebraico daquela época de domínio dos romanos, sendo
as mulheres, e mais concretamente as mães, as grandes responsáveis pois não
aceitavam separarem-se dos seus filhos, mortos muito jovens, na flor da idade por
actos de heroísmo contra os opressores.
Ver desaparecer um jovem filho, na força da vida, representava um
desgosto para além dos limites da capacidade de o suportarem.
De qualquer forma, a forte recordação de um ente querido que por
força da saudade que nos provoca, continua a viver nas nossas memórias
constituindo-se, numa espécie de ressurreição. Todo o culto dos mortos não
passa de processos de ressurreição.
No caso de Jesus, foram também as mulheres, presentes na sua
morte, junto à cruz onde foi crucificado pelos romanos, e que, ao terceiro dia,
foram também elas que mais de perto testemunham este acontecimento.
«Ele não morreu, continua entre nós...» e deste forte desejo nasce
a ideia de uma realidade, indiscutível para os crentes católicos, em que ele
subiu aos céus e hoje o podem adorar sentado à direita de Deus Padre Todo-
Pderoso.
A crença tem disto, para ela não há impossíveis, basta acreditar,
da mesma forma que muitas gerações atrás, os primeiros humanos e pré-humanos,
acreditaram que cortando o pescoço a uma cabra faria chover e assegurava a
sobrevivência.
Durante milénios as nossas crianças foram ensinadas a acreditar em
coisas que faziam todo o sentido para não morrerem precocemente e em outras que
não tinham pés nem cabeça de tal forma.
E a crença lá ficou, inscrita nos nossos cérebros como um hardwere
no nosso computador e tem servido às mil maravilhas a todas as religiões.
A pouco e pouco, o software de cada um de nós tem vindo a pôr
alguma ordem naqui lo em que
acreditamos. Passamos a exigir evidências como condição para acreditar.
Parece que as religiões, com tudo aqui lo
que lhes está associado, fornecem algum conforto aos “pobres” humanos.
Pessoalmente, sinto muitas dúvidas. Viver infernizado pela
esperança do céu ou a ameaça do inferno não me parece grande conforto.
Prefiro
apenas viver a minha condição de humano que começou no momento do nascimento e
desaparecerá com a minha morte, sem temores nem esperanças.
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