Depois de 42 anos passados sobre o 25 de Abril, governados agora, como estamos, pelo PS
de António Costa com o PCP e o Bloco na área do poder, parece quase desnecessário
comemorar, ainda, uma data que celebra a liberdade e a democracia que, neste
momento, já não constituem nenhuma preocupação para o país, mas passa-se o mesmo com a República, e com a Independência em 1640 e nós continuamos a celebrá-los.
Conseguimos, finalmente,
eleger para o poder partidos, ditos de extrema esquerda, que eram até agora
figuras que representavam palavras de protesto na Assembleia da República,
justo protesto, é certo, mas apenas isso. Hoje vê-mo-los coligados com o governo,
para desagrado, já se vê, de uma Europa de direita.
Ao longo destes compridos 42
anos, a liberdade e a democracia deram cobertura a todas as situações que nos últimos
anos rebentaram em escândalos de Bancos que faliram, uns atrás dos outros, com
os contribuintes a pagarem os prejuízos, fenómenos generalizados de corrupção de políticos
que se aproveitaram dos cargos para seu proveito, e de uma submissão à Comissão
Europeia contra os nossos interesses de país soberano, mal gerido e
administrado, que nos fazem sentir humilhados.
António Costa, parece remar
contra a maré, associa-se a outros países e pede mais flexibilização para
tantas metas e tanto rigor de um país de economia tão frágil e com uma população
com rendimentos salariais tão baixos.
Shauble parece ouvi-lo, não
transige no que é importante mas vai estudar, talvez surja alguma pequena
facilidade...
Estas preocupações financeiras
parecem esquecer o resto: os refugiados, as contestações perante as
dificuldades de uma economia que não arranca, que não cria emprego nem riqueza,
mais preocupada em sobreviver.
Vivemos sob a asfixia alemã
e, entretanto, a extrema-direita prepara-se para ganhar as eleições na 1ª Volta,
surpreendentemente e com larga maioria, sendo o melhor resultado desta força
política na Áustria, de acordo com as previsões, e a Le Pen aguarda a sua vez
em França...
... E o edifício da construção
da Europa estremece sob as ameaças à sua integridade.
Quando se governa vendo só números
à frente, esquecendo as pessoas, a grande massa das pessoas, é um bocadinho
como quem brinca com o fogo...
Pensando bem, o 25 de Abril
de 1974, que nos trouxe a democracia e a liberdade, tinha como objectivo
principal colocarmos as pessoas em primeiro lugar o que não era apenas respeitá-las
nas suas opiniões sem as enclausurar por causa delas.
Era um pouco mais do que isso, que
representava apenas o básico, o indispensável... mas, logo a seguir, vinham os
problemas da governação.
Salazar governou para uma
pequena elite, um grupo reduzido de famílias que se contavam pelos dedos de uma
mão. O 25 de Abril que se lhe opôs, mandou governar para uma nação inteira e
dos erros e desmandos dessa governação há-de falar a história, mas o passado não
justifica os erros e os desmandos, não lhes serve de cobertura a não ser pelos
maus hábitos e falta de ambição política de uma população esquecida, muita da
qual passava a fronteira a salto para sobreviver trabalhando em França e, depois, para
fugir à guerra.
O 25 de Abril surgiu depois
de um longo penar de uma guerra colonial de treze anos, decidida por um homem, Salazar,
que não gostava das colónias, onde nunca lá pôs os pés e para onde enviou militares
quando deveria ter criado as condições para os portugueses aí viverem em paz
dando origem à criação de “novos brasis” como ele próprio lhes chamou.
E, no entanto, era essa a
nossa melhor arma, o nosso grande trunfo, a nossa maior riqueza: a capacidade
de formar “brasis”, pela nossa própria maneira de ser, pelo nosso carácter,
pela nossa cultura, formada ao longo de séculos, de um povo ribeirinho dado ao
convívio de quantos passavam pela nossa costa e eram muitos.
Salazar, não era um elemento
representativo do nosso povo, apenas lhe foi imposto e a isso, o nosso povo,
estava habituado, depois de vivências em regimes absolutistas de “eu quero
posso e mando”.
Hoje, pertencemos à Europa,
outra novidade, depois de não termos conseguido pertencer ao Brasil, nem a África,
regressámos a casa, pertencemos à Europa e, no entanto, vivemos sempre virados
para o mar, vocacionados para navegar, descobrimos o Caminho Marítimo para a Índia,
o Brasil... os Descobrimentos, o maior feito, então, por qualquer outro país
europeu. Abrimos a porta à globalização que nos sujeita, agora, a uma concorrência
com a qual nos entendemos com dificuldade mas que nos fez crescer...
Vida atribulada a nossa...
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home