sexta-feira, maio 27, 2016

Assim Nasceu Portugal
(Domingos Amaral)

A Vitória do Imperador











Episódio Nº 17











Mal empregado açúcar – rezingou Fátima.

O nosso amigo admirou-a. Continuava magra e tensa, o oposto de Zaida e os seus belos olhos negros não disfarçavam umas olheiras marcadas. A morte da mãe endurecera-a, tornando-a mais fria do que já era., com um timbre de voz mais ácido.

Embora mantivesse o espírito arrogante de uma princesa real e a postura altiva de uma orgulhosa prisioneira, notava-se nela uma ferida na alma, como se tivesse perdido a intensidade absoluta das suas convicções.

- Prefiro a companhia dos cavalos – rosnou Fátima, passando em frente aos outros e dirigindo-se para a porta.

Depois dela sair Zaida contou a Gonçalo que os animais eram a única distracção que os cristãos permitiam a Fátima.

Não é boa ideia, ainda foge num! – protestou Gonçalo.

Enquanto ia e vinha da cozinha, trazendo os alimentos e um jarro de vinho, Zaida explicou que o picadeiro onde Fátima passava as tardes era fechado e os soldados vigiavam-na sempre, pois tratavam-se de cavalos de guerra.

Tendes maravilhosos dotes – apreciou Gonçalo entusiasmado com o cheiro saboroso que emanava dos pratos confeccionados por Zaida.

Os meus melhores truques são secretos! – ripostou ela, marota e sorridente, regressando à cozinha aos saltinhos.

Filha, fui eu que vos ensinei, mas tende cuidado...

Pouco depois com um arremesso típico dos sedutores, Gonçalo agarrou-a pela cintura e sentou-a nas suas pernas, ouvindo-a libertar risinhos de agrado.

Dai-vos, minha bela princesa, é tudo o que desejo! – pediu.

A rapariga moura bateu as pestanas e perguntou:

- Lavais-me para Córdova.

Gonçalo disse que sim mas diria que sim a tudo, tal era o seu intenso desejo.

Agradada Zaida aceitou os seus mimos e, pela primeira vez, cedeu às intenções de um homem.

Filha, ele é amigo do Afonso!

Com gestos lentos mas precisos, o nosso amigo despiu-lhe o alifafe e o vestido e apreciou longamente o seu belo corpo feminino. O peito de Zaida era cheio e Gonçalo não resistiu a cobri-lo de beijos.

Entusiasmada, a moura levantou o saiote dele e ajoelhada a seus pés beijou-o. De seguida, os dois mudaram-se para o quarto e deitaram-se nus no colchão de uma grande cama, amando-se sem pressas nem pausas.

Zaida, bem industriada pela mãe Zulmira, que lhe revelara os famosos e ancestrais truques dos haréns de Sevilha e de Córdova, deixou Gonçalo boquiaberto com sua mestria, a ponto deste lhe ter perguntado se era mesmo virgem.

- Sois o meu primeiro homem – declarou com solenidade a rapariga.

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