A Vitória do Imperador
Episódio Nº 18
Depois, como muitas vezes
acontece às mulheres, terminado aquele quente e doce combate carnal,
emocionou-se e chorou com a cabeça no ombro do seu primeiro amante.
As saudades da mãe eram
muitas e, piedoso mas também esperto o dedicado Gonçalo prometeu que a viria
visitar todos os dias enquanto estivesse em Coimbra. E logo que
pudessem iriam para Córdova.
Filha, vinde ter comigo, ele traz-vos!
Mostrando-se contente, Zaida
sorriu em silêncio, cobrindo-o com mais beijos ousados. Após nova ronda de
prazeres, ele estava conqui stado.
Enamorado, sentiu primeiro
paixão e depois, como quase sempre nos homens. Um profundo medo de a perder. O
seu coração encheu-se de temor das rivalidades e perguntou:
- O vosso amigo Mem, o almocreve, não vos
visita?
Zaida contou que já não eram
tão próximos como antes, enquanto a mãe Zulmira fora viva pois o pobre
almocreve ainda se torturava por não ter impedido a morte dela.
- não teve forças para matar
o assassin – recordou Zaida.
A sangrenta tragédia
ocorrera no casão agrícola do almocreve e as duas princesas mouras só haviam
escapado a uma morte horrível devido à súbita aparição de Afonso Henriques, que
eliminara o assassin, atirando-lhe um punhal à garganta.
Gonçalo recordou a
importância da enigmática arma, em cujo cabo se dizia ter sido gravado, em
latim, o nome do local onde estava escondida a relíqui a
sagrada, trazida pelo conde Henrique da Terra Santa.
Porém, Zaida, limitou-se a
suspirar desalentada: nada sabia sobre o punhal do falecido esposo de Chamoa,
muito menos sobre Sohba, a sua tia bruxa, que nunca mais reaparecera.
Filha, não é altura para falar disso...
Encolhendo os ombros, Zaida
murmurou que aquelas eram irrelevâncias sem sentido.
A minha mãe não vai
ressuscitar – acrescentou.
Vendo-a tão triste, o
compassivo Gonçalo abraçou-a e renovou a promessa de tomar conta dela e de
levá-la para a sua Córdova natal em breve.
Mostrado-se grata a hábil
moura ofereceu-se para ele outra vez arqueando para ele as nádegas.
Filha, valerá a pena dar-vos tanto?
Foi grande o contentamento
de Gonçalo nos dias seguintes. Feliz e enérgico, desaparecia todas as tardes
sem explicar onde ia. Contudo, aquela euforia pouco durou.
Por razões, que não estou
certo, não serem as mais nobres, Afonso Henriques anunciou que Gonçalo de Sousa
iria ser o alcaide do Castelo de Celmes, cuja construção começaria em breve,
tendo de rumar ao norte depressa para dirigir as operações.
Incrédulo, o nomeado
protestou, invocou a sua recente e tórrida amizade à princesa moura e chegou
mesmo a acusar o príncipe de o querer afastar dela, mas Afonso Henriques negou
tal malícia, dizendo que também ele iria para Guimarães, enquanto Zaida
permanecia em Coimbra.
O príncipe de Portugal não o
autorizou, pois a possibilidade de uma guerra com o Trava era real.
Celmes, não era lugar para
uma rapariga, só para destemidos e corajosos cavaleiros!
Dias depois, zangado e
contrariado, Gonçalo partiu de Coimbra e, tal como ele, também pensei que a
princesa moura se iria entristecer de novo mas não foi isso que se passou.
A bela Zaida era um enigma
indecifrável. Seja como for, Afonso Henriques, embora talvez pelos motivos
errados, tomara a decisão certa, Celmes era um perigo, ainda bem que Zaida não
rumou para lá com Gonçalo.
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