é a própria vida.
Não jogo,
falta-me a fé, mas reconheço que a tentação do euro- milhões é enorme porque
aquelas importâncias acumuladas em vários Jackpotes atingem dimensões verdadeiramente
“pornográficas” e esse é o grande factor aliciante, de tal forma que até
já existe um limite a partir do qual o prémio é redistribuído pelos apostadores
que ficam em 2º lugar.
A oportunidade
de uma determinada pessoa ser bafejada por um jackpot é inferior à de ser
atingido por um meteorito mas, está provado matemàticamente, que se essa pessoa
fosse suficientemente determinada para tentar todas as semanas e vivesse 400
milhões de anos, de certo lhe sairia o prémio. Logo, não é a sorte que é pouca…
a vida é que é curta.
Mas, porque
desesperamos que nos saia o Jacpot quando, na verdade ele já saíu a cada um de
nós?
- É que eu
próprio, e os meus amigos que seguem o Memórias Futuras em Portugal, Brasil,
E.U.A., Rússia, Alemanha, Polónia e, eventualmente, em outros pontos do
mundo , todos nós, somos um caso evidente de Jackpot e esse já ninguém nos tira,
ganhámo-lo no momento do nosso nascimento.
Ora vejamos:
- Cada um dos
nossos pais produziu por dia, no período fértil das suas vidas, entre 300 a 500 milhões de espermatozóides, repito,
por dia, e qualquer um deles, combinado com um óvulo de entre os cerca de 250
pertencentes às nossas mães, também ao longo da vida fértil, era um potencial
descendente, um irmão nosso.
Repare-se bem,
muitos milhares de milhões de uma pequena célula, cada uma diferente de todas
as outras, que eram pertença dos nossos pais, escolhida num processo
competitivo, (espécie de corrida de 100 metros) até ao local da
fecundação com um dos muitos óvulos das nossas mães que estava disponível nesse
dia, determinou o nascimento de cada pessoa numa probabilidade que desafia
quase o infinito.
Richard Dawkins,
grande especialista do genoma humano - (Prémio Nobel em 1973 pelos seus estudos
em Etologia e um dos maiores intelectuais do nosso tempo) - afirmou que as pessoas
potencialmente permitidas pelo nosso ADN que poderiam estar aqui no nosso lugar mas que na verdade
nunca verão a luz do dia, excedem em número os grãos de areia do deserto do
Sara. Pensem bem... os grãos de areia do
deserto!
E não é que cada
um de nós tem a sensação de que é o filho óbvio dos seus pais? Não é isso que
sente qualquer um de nós?
Agora que penso
nisto quase que estremeço ao imaginar a multidão a perder de vista de irmãos
meus que ficaram por nascer e me “deram” o seu lugar para que eu possa estar aqui a contactar convosco e, por sua vez,
cada um de vós, aí, nesse lugar, a ler o Memórias Futuras, em vez de multidões
de irmãos vossos!...
E, no entanto,
as pessoas “choram-se” porque quando jogam nunca lhes sai nada e pensam,
pensamos todos, que ter sorte é acertar na “chave” do Euromilhões quando, como
já devem ter percebido, sorte é ter nascido... para o bem e para o mal!
Chegamos à vida
contra todas as probabilidades, oriundos de um mundo de silêncio e de nada e
depois de uma existência fugaz, que metaforicamente podemos equi parar a um pestanejar de olhos, regressamos a ele
e, no entanto, esse momento fugaz, é tudo quanto nós temos, é a nossa vida, a
vida de cada um que muitos desperdiçam em guerras e crimes. - Que atentado!
Não há crença ou
religião que não aponte para outras vidas numa estratégia óbvia de condicionar
e influenciar as pessoas pelo medo ou por prémio, a adopt arem
determinados comportamentos e atitudes, normalmente de disciplina e submissão,
embora tudo à nossa volta nos mostre à evidencia que após a morte a vida
continua, é certo, mas através de novos personagens que não os anteriores
recauchutados.
A vida é um bem
precioso, e é precioso porque é raro, embora os sete mil milhões de semelhantes
nossos que habitam o planeta nos possam dar uma ideia contrária, mas o que é
este número comparado com o dos grãos de areia do deserto do Sara?
Vamos morrer e
por isso somos nós os bafejados pela sorte. A maior parte das pessoas nunca vai
morrer porque nunca vai chegar a nascer.
É muito
importante pensar a vida, a nossa vida, como aquela oportunidade que nos surgiu
de entre muitos milhões de oportunidades que podiam ter acontecido a outros que
não a nós.
Se assim
conseguirmos pensar, até porque é essa a realidade, olhar-nos-emos e aos nossos
companheiros de “viagem” com outros olhos, com mais atenção e mais sentido de
responsabilidade.
No fundo, todos
buscamos a felicidade que é aquela “coisa” que definimos para nós próprios...
nem sempre facilmente.
Sabemos, acima
de tudo, que queremos ser felizes mas não sabemos bem “como” , nem “com quem”,
e quando o julgamos saber muitas são as vezes em que concluímos que estávamos
enganados.
Nascemos
condicionados pelos nossos genes e pelo contexto cultural e social em que
vivemos e por muito que nos emancipemos através de uma formação científica
sólida e diversificada, é na gestão que fazemos daqueles dois grandes factores
que as nossas vidas têm que se resolver.
Em última
análise, são aspectos emotivos da nossa própria natureza que irão determinar o
sucesso das nossas vidas em termos de felicidade e por isso a necessidade de
apelar à inteligência para orientarmos a nossa sensibilidade, os nossos
afectos.
Só somos seres
superiores porque temos a capacidade de sermos bons de uma forma inteligente:
nem “máqui nas pensantes”, nem
“donzelas de lágrima ao canto do olho”.
A razão e o
sentimento têm que “casar-se” sem que para isso haja alguma fórmula mágica a
não ser, talvez, a que se esconde algures dentro de cada um de nós…
Temos uma dívida
para com o meio que nos cerca pois não só o planeta em que vivemos é propício e
“amigável” como o próprio Universo também o é.
Segundo os
cálculos dos físicos, pequeninas alterações que fossem nas leis e nas
constantes da Física e o Universo ter-se-ia desenvolvido de tal modo que a vida
teria sido impossível.
Mas a nossa
responsabilidade não é perante o Universo que se organizou de forma a permitir
a vida, nomeadamente a nossa, pois somos demasiado pequeninos e insignificantes
para assumirmos responsabilidades perante o Universo.
A nossa
responsabilidade é perante nós próprios, na qualidade de única espécie
verdadeiramente inteligente que ao longo de um processo evolutivo de muitos
milhões de anos, e com muitos sobressaltos pelo caminho, se conseguiu impor.
Despoletamos
forças poderosas, estamos em vésperas de construir estações orbitais com
condições para lá podermos viver, transformamos o nosso mundo numa aldeia
global, mas continuamos com imensas dificuldades em resolver situações de
simples vizinhança e convivência em que alguns conflitos religiosos continuam a
ser os de mais difícil resolução.
…Sempre, sempre
os deuses a dificultarem a vida dos homens!!!
Richard Dawkins: um dos maiores intelectuais vivos.
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