segunda-feira, setembro 26, 2016

Salvou-nos

a nossa história...













No meu país nada se passa de importante. Somos tão pequeninos no contexto do mundo que, não fora a nossa língua, esta em que vos escrevo, e que é falada por muitos milhões de pessoas em três grandes países: Brasil, Angola e Moçambique e corríamos o risco de passarmos completamente despercebidos. Salvou-nos a nossa história...

Dependemos de todos, a começar pela nossa vizinha Espanha, com quem mais comercializamos e ninguém depende de nós. Felizmente, não temos essa responsabilidade...

A Comissão Europeia preocupa-se com os números do nosso Deficit, especialmente um senhor, alemão, que se desloca em cadeira de rodas, e que é muito exigente connosco. Tivemos uma Ministra das Finanças que até ia falar-lhe ao ouvido. Esse é o tipo de preocupação que têm connosco: manterem-nos pobres...

A nossa riqueza cresce pouco, os investidores, nacionais e estrangeiros, parece não gostarem muito de nós e, no entanto, todos nos acham boas pessoas, afáveis, simpáticas, hospitaleiras, e com uma cozinha saborosa, variada e barata. Não se come melhor em nenhuma outra parte do mundo, sem exageros.

Por isso, a nossa grande indústria exportadora é o turismo. Ainda a semana passada, na minha visita mensal à Lisboa, a encontrei a abarrotar de gente, que com as obras na parte baixa da cidade, virou uma grande confusão.

No regresso, levei o dobro do tempo para chegar à Estação do Comboio e pude verificar toda aquela dinâmica operária, que me agradou. Assim pudesse acontecer connosco, chegados a uma certa idade, entrávamos em obras e ficávamos depois como novos...

Mas, importante, mesmo, é a conversa entre o Trump e a Hillary, esta madrugada, que será seguida por mais de 100 milhões de americanos. No fundo, será um teste à capacidade de controle e de domínio da presença de cada um frente às câmaras porque, palavras “leva-as o vento”, o que fica é a imagem.

No primeiro debate deste tipo, entre Kennedy e Nixon, quem o ouviu deu a vitória ao segundo mas para os que viram quem ganhou foi Kennedy.

As sondagens, que já foram muito favoráveis a Hillary, são agora “alarmantes” desde que ele parou com as “bacoradas” verbais: 49% para ela e menos 2% para Trump...

É verdade, que ele é, comparado com ela, praticamente ignorante, mas que interessa isso se lhe sobra em confiança, a roçar o desplante, dizendo sempre o que pensa, como é costume das pessoas de muito dinheiro, coisa que o auditório aprecia.

No entanto, essa arrogância, pode virar-se contra ele, porque se, por um lado, mostra sinceridade, também revela os defeitos que são muitos e têm a ver com a falta de preparação, de controle, da tendência para mentir, e o seu desprezo pelas mulheres.

Na Europa, Trump, podia já desistir, não teria qualquer hipótese mas a sociedade americana, que não é um todo uniforme e tem as suas especificidades, as coisas estão longe de se passarem da mesma maneira.

Os E. U. e as restantes Américas, foram feitas por emigrantes, dezenas de milhões de europeus, que ali apostaram, entre o fim das guerras napoleónicas e a Grande Guerra de 1914/18.

Emigrantes, constituídos inicialmente por famílias de europeus cristãos, trabalhadores, cheios de esperanças e de vontade de vencer que pouco ou nada tinham a ver com os emigrantes de hoje, tantas vezes controlados por máfias criminosas de passadores e explorada por empresários sem escrúpulos, que alimentam o sistema dos ilegais que lhes baixam os custos do trabalho.

Os avós paternos de Trump, eram emigrantes alemães e o pai inspirou-o a entrar no negócio do imobiliário. O seu discurso é eficaz porque fala de fronteiras e estas contam para a identidade política, para a soberania e segurança do país.

Logo, de madrugada, em Lisboa, vamos ouvi-lo falar de “lugares comuns” que têm exactamente a ver com este tipo de preocupações que todos entendem muito facilmente:  -  segurança, do país e dos americanos, contra os seus vizinhos e o mundo...

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