Cultura e sociedade... |
A IMPORTANTE
INFLUÊNCIA
DO MEIO SOCIAL
Dois
homens discutem por causa de um jogo de bilhar ou porque um insulta a namorada
de outro e a animosidade vai subindo até chegar ao assassínio, muitas vezes à
vista de quem está perto.
A este tipo de homicídio os
criminologistas costumam chamar de “altercação trivial” mas, será?
Para mim foi fácil casar e ter
filhos. Tudo o que tive de fazer foi ir para a Universidade e depois garantir
um bom emprego.
Eu gostaria de atribuir o meu
comportamento de pessoa civilizada ao meu excelente carácter mas, acima de
tudo, tenho de estar grato ao extracto social a que pertenço.
No meu caso não me envolveria em luta
que me pudesse levar a um homicídio que erradamente seria chamado de
“altercação trivial” porque teria muito a perder e pouco a ganhar.
Naquela luta o que estava
verdadeiramente em causa era a competição entre indivíduos de sexo masculino
pelo “estatuto” que pode ser tudo menos trivial.
Tenho cinquenta e seis anos,
ultrapassei a idade média em que morre o homem das zonas deprimidas da cidade
de Chicago e ainda estou de boa saúde.
Eu sou como os homens dos bairros
sociais de Chicago mais favorecidos com muito menor probabilidade de cometerem
homicídios em lutas de “altercação trivial” porque a sua frequência está
relacionada com o meio social a que se pertence.
A cidade de Chicago está dividida em
setenta e sete bairros para os quais as taxas de homicídio e outros dados
estatísticos vitais estão compilados separadamente.
Estes bairros variam imenso quanto a
qualidade de vida, incluindo a própria duração média de vida de tal forma que a
esperança de vida dos bebés nascidos nos melhores bairros é vinte anos superior
à dos nascidos nos piores (cinquenta e tal anos para setenta e tal anos).
Estas mesmas diferenças verificam-se
em geral entre países desenvolvidos e em vias de desenvolvimento.
Nos bairros com menor esperança de
vida, as mulheres têm tendência a começar a ter filhos mais cedo e esta
gravidez na adolescência é amplamente reconhecida como um problema social mas,
quando se perguntava às mulheres de um geto porque tinham filhos tão cedo as
respostas suscitavam simpatia. Diziam elas que queriam que as suas mães
conhecessem os netos.
Usavam o termo de “desgaste” para
descrever a deterioração de saúde que observavam à sua volta.
E a pergunta aqui
fica:
- Se o meu amigo e aqueles que lhe
são chegados estivessem a desgastar-se a um rito rápido não gostaria de começar
a ter filhos suficientemente cedo para os conhecer e ajudá-los a criar os seus
próprios filhos?
As taxas de homicídio variam imenso
oscilando de 1,3 e 156 por 100.000, entre bairros de pessoas ricas e de pessoas
pobres porque nestes o panorama é uns quantos bem sucedidos e muitos falhados
e, nestas circunstâncias, um “zé-ninguém” assume comportamentos de riscos
extremos na perspectiva de ser “alguém”. Como diz o Rapper 50 Cent no álbum e
no filme: “Get rich or die tryn”.
A desvalorização acentuada do futuro
pode ser uma resposta “racional” à informação que indica uma probabilidade
incerta ou baixa de sobreviver para mais tarde colher benefícios, por exemplo,
e correr “riscos impensados” pode ser a solução ópt ima
quando os benefícios de uma escolha de acções mais segura são insignificantes.
A evolução tem intrinsecamente a ver
com organismos que reagem a modificações ambientais sendo impossível negar a
capacidade de mudança.
O Criacionismo religioso e secular
sempre se baseou no medo das consequências de aceitar a evolução, mas se
encararmos a teoria da evolução como um instrumento capaz de proporcionar uma
modificação positiva, ela será fácil de aceitar.
No que toca à evolução o futuro pode
ser diferente do passado, para melhor.
David Sloan Wilson “A Evolução Para Todos
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