Os senhores do FMI a caminho do trabalho... |
Carta aberta a
uns pedaços de merda.
Olá, amiguinhos do FMI. Eu sou o ratinho branco. Desculpem estar a
incomodar-vos agora que vocês estão com stress pós-traumático por terem lixado
isto tudo. Concluíram vocês, depois do leite derramado: "A austeridade
pode ser autodestrutiva." E: "O que fizemos foi
contraproducente." Quem sou eu para desmentir, eu que, no fundo, só fiquei
com o canto dos lábios caídos, sem esperança?
O que
é isso comparado com a vossa dor?! Eu só estiquei o pernil ou apanhei três
tipos de cancro, mas é para isso que servimos nos laboratório: somos baratos e
dóceis. Já vocês não têm esses estados de alma (ficar sem emprego, que mau
gosto...), vocês são deuses com fatos de alpaca e gravata vermelha como esses
três novos que acabam de desembarcar para nos analisar os reflexos.
"Corre, ratinho branco!", e eu corro. Vocês cortam-me as patas:
"Corre, ratinho branco!", e eu não corro.
E vocês apontam nos vossos canhenhos sábios:
"Os ratos sem pernas ficam surdos." Como vocês são sábios! E
humildes. Fizeram-nos uma experiência que falhou e fazem um relatório: olha,
falhou.
Que lição de profissionalismo, deixam-nos na merda e assumem. Assumir quer
dizer "vamos mudar-lhes as doses", não é? E, amanhã, se falhar, outro
relatório: olha, falhou. O vosso destino, amiguinhos do FMI, eu compreendo.
Vocês são aves de arribação, falham aqui ,
partem para ali. Entendo menos o dos vossos kapos locais: em falhando e
ficando, porque continuam seguros no laboratório?
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