sexta-feira, dezembro 23, 2016


 Resultado de imagem para noite de natal

A magia foi-se...




















O Natal já não é o que era. Foi-se a magia, ficou a data, sobraram os super-mercados e centros comerciais, falta a lareira da casa dos meus avós. Os jovens foram conquistados em definitivo pelos telemóveis e já não convivem com a família. Em contrapartida “falam” ininterruptamente através dos telemóveis e... não lhes sobra tempo para lerem. A minha neta teve 5 a matemática mas 4 a português...

Os tempos são outros, em definitivo, e tanto eu como os rapazes do meu tempo que vão fazer agora 78 anos sentem alguma dificuldade em acompanhar esta nova geração, eu especialmente para quem o telemóvel só serve para receber e efectuar chamadas a qualquer hora e em qualquer sítio mas espero que poucas...

Realmente, as novas tecnologias nunca se casaram comigo mas a culpa é minha, reconheço a minha inépcia. Para me desculpar costumo dizer que falar é a olhar para a cara das pessoas. Sempre me vali desse “fee the back”, especialmente nos exames orais quando era aluno, e os olhos dos professores diziam tanta coisa... e então os de uma mulher nem se fala... não paravam de dizer coisas...

Estamos a chegar ao fim, pressinto isso porque a perda da magia do Natal tem a ver comigo, não quero ser injusto para com ele. É evidente que a época é outra e já nada se vive da maneira que se vivia mas a culpa, mais uma vez, não é deste Natal, tem a ver comigo e a “teimosia” em me agarrar aos natais de outros tempos quando a minha capacidade de viver e sentir estas datas era muito maior.

Deixamos de viver de um momento para o outro mas a morte, a verdadeira, é um processo lento para todos aqueles que têm o privilégio de envelhecer e assistir interiormente ao abandono, espero que conformado, do lento apagar da chama de uma vida, a nossa.

Falo destas coisas porque é Natal e eu sinto-me bem. Por isso devo falar, que é, depois do pensamento, a mais agradável expressão do viver. Quantos da minha geração são doentes, estão sós e em silêncio?...

A minha neta do coração, de três anos, linda como os amores, a quem chamo, por vezes, o meu xodó sem que ela perceba o que isso seja, nestes altura das férias passa os dias comigo e a avó. Às vezes moe-me a cabeça e eu ralho-lhe, mas interiormente estou-lhe reconhecido. Ela ocupa um espaço que há muito devia estar vazio mas as vicissitudes da vida têm destas surpresas...

Ter aquela criança a chamar-me avô, já que a irmã com 11 anos é quase só telemóvel, é um enriquecimento nesta fase da minha vida, especialmente para quem sempre adorou crianças como eu, sem que a vida me tivesse proporcionado desfrutar das minhas de quem vivi separado mas, também é verdade, que a disponibilidade e o apreço agora são muito maiores... e a vida é o que é e há que aceitá-la!

Amanhã é o dia da noite de Natal, aquela que era mágica para mim, na minha infância de menino felizardo.


Vivam-na em paz e sejam felizes, é tudo o que vos desejo!

Site Meter