A magia foi-se...
O Natal já não é o que era. Foi-se a magia, ficou a data, sobraram os super-mercados e centros comerciais, falta a lareira da casa dos meus avós. Os jovens foram con
Os tempos são outros,
em definitivo, e tanto eu como os rapazes do meu tempo que vão fazer agora 78
anos sentem alguma dificuldade em acompanhar esta nova geração, eu
especialmente para quem o telemóvel só serve para receber e efectuar chamadas a
qualquer hora e em qualquer sítio mas espero que poucas...
Realmente, as novas
tecnologias nunca se casaram comigo mas a culpa é minha, reconheço a minha inépcia.
Para me desculpar costumo dizer que falar é a olhar para a cara das pessoas. Sempre
me vali desse “fee the back”, especialmente nos exames orais quando era aluno,
e os olhos dos professores diziam tanta coisa... e então os de uma mulher nem
se fala... não paravam de dizer coisas...
Estamos a chegar ao
fim, pressinto isso porque a perda da magia do Natal tem a ver comigo, não
quero ser injusto para com ele. É evidente que a época é outra e já nada se
vive da maneira que se vivia mas a culpa, mais uma vez, não é deste Natal, tem
a ver comigo e a “teimosia” em me agarrar aos natais de outros tempos quando a
minha capacidade de viver e sentir estas datas era muito maior.
Deixamos de viver de um
momento para o outro mas a morte, a verdadeira, é um processo lento para todos
aqueles que têm o privilégio de envelhecer e assistir interiormente ao
abandono, espero que conformado, do lento apagar da chama de uma vida, a nossa.
Falo destas coisas
porque é Natal e eu sinto-me bem. Por isso devo falar, que é, depois do
pensamento, a mais agradável expressão do viver. Quantos da minha geração são
doentes, estão sós e em silêncio?...
A minha neta do coração,
de três anos, linda como os amores, a quem chamo, por vezes, o meu xodó sem que
ela perceba o que isso seja, nestes altura das férias passa os dias comigo e a avó.
Às vezes moe-me a cabeça e eu ralho-lhe, mas interiormente estou-lhe reconhecido.
Ela ocupa um espaço que há muito devia estar vazio mas as vicissitudes da vida
têm destas surpresas...
Ter aquela criança a
chamar-me avô, já que a irmã com 11 anos é quase só telemóvel, é um
enriquecimento nesta fase da minha vida, especialmente para quem sempre adorou
crianças como eu, sem que a vida me tivesse proporcionado desfrutar das minhas
de quem vivi separado mas, também é verdade, que a disponibilidade e o apreço
agora são muito maiores... e a vida é o que é e há que aceitá-la!
Amanhã é o dia da
noite de Natal, aquela que era mágica para mim, na minha infância de menino
felizardo.
Vivam-na em paz e
sejam felizes, é tudo o que vos desejo!
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