quarta-feira, dezembro 14, 2016

Na visita a Sócrates porque os amigos são para as ocasiões...
Mário Soares


















Os portugueses preparam-se para se despedirem de Mário Soares que aos 92 anos vive no Hospital os seus últimos momentos e foi comovente ouvir Freitas do Amaral que, à saída da visita que lhe fez, referir-se ao seu adversário em termos sentidos, comoventes, quase chorosos, de sincera amizade, porque Mário Soares marcou a vida de todos os portugueses e em especial a dele nos seus “combates ideológicos” sempre de uma forma leal e frontal, características da sua personalidade.

De mim ele teve sempre o meu voto por ter sido o mais veemente e convicto defensor da liberdade e da democracia.

Lembro três momentos, que foram marcantes da sua vida política: - O abraço dado a Álvaro Cunhal quando nos dias seguintes à Revolução do 25 de Abril o foi esperar à Estação de Santa Apolónia, em Lisboa no seu regresso de Paris, o desfile da Fonte Luminosa para se opor aos totalitarismos da esquerda, e no debate televisivo com Álvaro Cunhal quando o acusava de representar uma ditadura e este lhe respondia, divertido, aparentemente: - “olhe que não, Dr., olhe que não!”

Mário Soares assinou o documento da ligação do nosso país, em 1985, à Comunidade Económica Europeia e marcou o nosso destino que, à altura, não parecia haver outro, depois de muitas negociações e modificações internas. Não esqueçamos que vínhamos do “orgulhosamente sós” de Salazar.

Político de profissão e vocação começou por combater o regime de Salazar que o deportou para São Tomé onde permaneceu até Marcelo Caetano lhe permitir o exílio em França onde, em Abril de 1973, foi co-fundador do Partido Socialista.

Deixa atrás de si um rasto de simpatia no povo português que, carinhosamente, lhe chamava de “marocas” ou "bochechas", pela sua bonomia e semblante sorridente que vai deixar entre nós, saudades como nenhum outro.

A sua situação clínica parece irreversível porque a idade e a lei da vida são assim: - “vive-se e morre-se”... a maioria esmagadora de nós de forma incógnita, que não Mário Soares, que pela sua ligação ao país e ao papel que nele desempenhou, ficou conhecido em todo o mundo.

O povo português, estou certo, vai-se unir na sua despedida em homenagem a um homem com quem estreitou relações muito fortes, mais do que qualquer outro, durante muitos anos depois do 25 de Abril, incluindo adversários.

Foi, sem sombra de dúvida, o político português mais querido do povo, após a Revolução dos Cravos e nem o comparo com esse político cinzentão, que se chorava em público porque não ganhava o suficiente para as suas despesas, e que a nossa história dispensava bem...

Esse, será rapidamente esquecido, se é que já não está. Como é que ele se chamava? - Cavaco Silva, não era?...


Este, Mário Soares, nunca o esqueceremos!...
  

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