Na visita a Sócrates porque os amigos são para as ocasiões... |
Mário Soares
Os portugueses
preparam-se para se despedirem de Mário Soares que aos 92 anos vive no Hospital
os seus últimos momentos e foi comovente ouvir Freitas do Amaral que, à saída
da visita que lhe fez, referir-se ao seu adversário em termos sentidos, comoventes,
quase chorosos, de sincera amizade, porque Mário Soares marcou a vida de todos
os portugueses e em especial a dele nos seus “combates ideológicos” sempre de
uma forma leal e frontal, características da sua personalidade.
De mim ele
teve sempre o meu voto por ter sido o mais veemente e convicto defensor da
liberdade e da democracia.
Lembro três
momentos, que foram marcantes da sua vida política: - O abraço dado a Álvaro
Cunhal quando nos dias seguintes à Revolução do 25 de Abril o foi esperar à
Estação de Santa Apolónia, em Lisboa no seu regresso de Paris, o desfile da
Fonte Luminosa para se opor aos totalitarismos da esquerda, e no debate televisivo
com Álvaro Cunhal quando o acusava de representar uma ditadura e este lhe respondia,
divertido, aparentemente: - “olhe que não, Dr., olhe que não!”
Mário Soares assinou
o documento da ligação do nosso país, em 1985, à Comunidade Económica Europeia e
marcou o nosso destino que, à altura, não parecia haver outro, depois de muitas
negociações e modificações internas. Não esqueçamos que vínhamos do “orgulhosamente
sós” de Salazar.
Político de
profissão e vocação começou por combater o regime de Salazar que o deportou
para São Tomé onde permaneceu até Marcelo Caetano lhe permitir o exílio em França
onde, em Abril de 1973, foi co-fundador do Partido Socialista.
Deixa atrás de
si um rasto de simpatia no povo português que, carinhosamente, lhe chamava de “marocas” ou "bochechas", pela sua bonomia e semblante sorridente que vai deixar entre nós, saudades como nenhum
outro.
A sua situação
clínica parece irreversível porque a idade e a lei da vida são assim: - “vive-se
e morre-se”... a maioria esmagadora de nós de forma incógnita, que não Mário Soares,
que pela sua ligação ao país e ao papel que nele desempenhou, ficou conhecido
em todo o mundo.
O povo português,
estou certo, vai-se unir na sua despedida em homenagem a um homem com quem
estreitou relações muito fortes, mais do que qualquer outro, durante muitos
anos depois do 25 de Abril, incluindo adversários.
Foi, sem
sombra de dúvida, o político português mais querido do povo, após a Revolução
dos Cravos e nem o comparo com esse político cinzentão, que se chorava em público
porque não ganhava o suficiente para as suas despesas, e que a nossa história
dispensava bem...
Esse, será
rapidamente esquecido, se é que já não está. Como é que ele se chamava? - Cavaco Silva, não era?...
Este, Mário Soares, nunca o
esqueceremos!...
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